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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 10 de dezembro de 2017

EM DEFESA DA GRANDE ORATÓRIA LUSA, CONQUISTADORA DE CORAÇÕES

Foto de Nova Portugalidade.

Já há muito que deixei de assistir a conferências pois, entre nós, aquilo a que se dá o nome de conferência é um penoso, interminável e cansativo exercício de leitura - amiúde monótona, monocórdica e enfatuada - de uma resma de papel perante um público semi-adormecido e cabeceante. Desculpam-se os nossos leitores de papéis que a língua portuguesa não oferece campo para grandes rasgos oratórios. Desculpam-se estes coveiros da comunicação que o discurso vale pelo conteúdo e não pela forma, presumindo que um discurso deve reproduzir um compêndio de erudição pelo qual o [falso] orador exibe conhecimentos. Não, o problema não está na língua, mas nos leitores de papéis, no seu acanhamento, insegurança e falta de inspiração.

Os espanhóis, os italianos, os franceses e os nossos irmãos brasileiros são mostra sobeja daquela eloquência corporal que faz das línguas latinas esplêndido campo para a boa teatralização do discurso. Como lembrava Manuel Teixeira Gomes, "nós, latinos, precisamos de acompanhar o movimento do cérebro com o movimento das mãos, que sublinha e ampara o pensamento". Ao negá-lo, reduzindo o discurso a uma sensaborona leitura, privamos a língua da chama e da paixão racional que lhe dá vibração. A boa oratória não é prolixidade. A boa oratória é verbo e movimento, incandescência que conquista inteligências e corações, retira dos túmulos gelados sentimentos represados, desperta a fantasia, casa o vernáculo com a espontaneidade e demonstra que é na língua que reside a cultura de um povo.

Parece que em Portugal essa prodigiosa capacidade se apagou com o fim da Companhia de Jesus e das ordens religiosas vocacionadas para a predicação, as quais conheciam o valor da comunicação e da aventura do discurso sem papéis. Desses séculos de vivência com a língua como arma feita de paixão, persuasão e conquista ficou pouco, muito pouco. Desde então, umas figuras pálidas, imóveis, recolhidas e escravas de papéis passaram a desencantar a língua, secando-a e enfatuando-a. Há, pois, que restaurar nos oradores portugueses essa espontaneidade esquecida, ensinar-lhes a arte da encantação, pois o verbo faz maravilhas. Perante o discurso que [se] mata, há que reencontrar o discurso que humaniza, arranca aplausos, desperta sentimentos, materializa a adesão ou a aversão. No fundo, trata-se de ensinar às nossas crianças a arte de se transcenderem e encontrarem a chama que está represada nos corações. A língua portuguesa precisa, urgentemente, de se libertar dos seus carcereiros.

MCB

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