Faleceu ontem o Dr. Gonçalo Reis Torgal,
de 84 anos, vítima de doença súbita, cerca das 23h30, quando conduzia
na auto-estrada A41.
Conheci o Dr. Reis Torgal por volta dos
anos 79/80, do século passado no Partido Popular Monárquico (PPM),
partido que eu na altura também militava.
O nosso convívio foi-se estreitando,
sobretudo na década de oitenta quando frequentava a Universidade no
Porto. Gonçalo Reis Torgal era um Homem divertido!
Ao Gonçalo Reis Torgal, conheci-lhe três
paixões: A Monarquia, A Gastronomia e a Académica de Coimbra, a sua
Académica, da qual era Vice-Presidente da Direcção e sócio n.º 7.
Poderia ter outras, mas estas representavam muito para si.
Recordo com saudade as diversas reuniões
que frequentemente ocorriam na Rua do Almada e as suas sempre oportunas
intervenções e a preocupação em aconselhar os mais jovens. Na altura
era eu Membro da Comissão Política Nacional da Juventude Monárquica. As
suas intervenções nos Congressos Nacionais, ou não tivesse Reis Torgal o
dom da palavra
Gonçalo Reis Torgal, era um “bom garfo”, como se costuma dizer, ou não fosse ele um dos grandes estudiosos da nossa gastronomia.
Lia com muita atenção e apreciava os artigos que publicava sobre gastronomia na imprensa escrita.
Há Cerca de um mês, publicou um livro "Coimbra à Mesa – Tu é que foste à Praça, Menino?", cujo lançamento decorreu na Casa da Cultura de Coimbra.
Apesar de ser natural de Coimbra,
residia em Guimarães, onde foi professor nas escolas Egas Moniz e na
Escola Industrial e Comercial de Guimarães, actual Escola Francisco de
Holanda.
Licenciado em Ciências
Histórico-Filosóficas e mestre em História da Alimentação pela Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra. Desde 1986 era Mordomo-Mor da
Confraria Gastronómica da Panela ao Lume, da qual foi membro fundador.
Reis Torgal, como Homem de causas, nunca
deixou de exercer a sua cidadania e criticava quando era preciso
criticar, fazia-o frontalmente e sem quaisquer rodeios, chamando os "bois pelos nomes", exemplo disso é o artigo de opinião que publicou em Setembro de 2015, no Jornal Diário das Beiras, intitulado "Este país não é para velhos: é livro e filme", do qual com a devida vénia transcrevo: (...) Cá,
um Governo que desprezou e roubou os “velhos” a eleiçoeiramente
legislar contra os que os maltratam ou abandonam. Seria ele o primeiro
prevaricador e consequentemente o primeiro a ser punido, se houvesse
Justiça, que falta, talvez, porque tutelada por uma ministra prepotente e
ignorante que a avilta e dificulta, e a um tempo desertifica o país.
Desampara as
crianças faltando-lhes com o apoio social, obrigando a família a novos
manuais, enricando as editoras. Persegue a APPACM de Viana, que procura
superar a incapacidade do governo face aos desamparados.
Mente sobre as
melhorias na saúde. Fecha sete unidades de saúde familiar em Oliveira do
Hospital. Filas de espera (SIC) desde as 6 da manhã, onde mais de
metade não arranja consulta e é convidada para igual inferno 3 meses
mais tarde. Piora o SNS.
Prossegue no assalto aos pensionistas e reformados ameaçados de um corte, garantido a Bruxelas, de mais 600 M/€.
Ataca a tradição,
com a ASAE, proibindo na Romaria/Feira de Porto de Ave, os celebrados
Bifes de Porto de Ave, há séculos, sem algo que indicie perigo
alimentar,.
No plano educativo
ataca encarniçado uma pedagogia séria, com o crescente aumento dos
centros educativos, negando rudimentares princípios pedagógicos que de
Radice à nossa conceituada Maria Borges de Medeiros, deram métodos de
reconhecido valor, (João de Deus) e místicos da Educação como Sebastião
da Gama, hoje sem lugar, nesta mixórdia que dizem Educação, como não
teria o dedicado Homem da Educação (saneado na insensatez do PREC),
Calvet de Magalhães, bem assim como destrói o Ensino Artístico.
Na economia uma
dívida impagável, impagável que quer calado para enganar os mercados,
como se estes, que já mamaram nas tetas até secarem, fossem tão tolos,
como são alguns portugueses, enrolados nas mentiras do “patranheiro mor”
Coelho Passos Pedro (CPP). E sigo a ver os burlados do BES, feito Novo
Banco, cuja venda mais faz parecer Carlos Costa um taberneiro a vender
mau vinho, que Presidente do BdP. Venda com mais roubo ao contribuinte.
Isto apesar da mentira com que CPP pretende enganar os “pacíficos
revoltados”, indo de mentira em mentira até à mentira final, quando
voltará a haver “choro e ranger de dentes” e inútil: “se eu soubera…”
Objectivemos.
Que país é este que CPP nos projecta paradisíaco?
Semi-protectorado empobrecido;
um povo com fome, sem educação capaz; sem acesso à justiça; precário
acesso à Saúde; vivendo na maior austeridade, onde os ricos, corruptos
ou não, tiram todo o proveito do que aos “pobres” é roubado; ataque por
acção ou omissão aos “velhos” e às crianças, sendo que uma em cada 3
crianças é subalimentada; PPP, Parque Escolar, A.E., gritando
roubalheira e compadrio; bandalheira no proceder bancário com a Tutela
desatenta, desinteressada ou cúmplice; país vendido ao desbarato
(foram-se anéis e dedos), entregando a chineses e à cleptocracia
nepotista de Angola as fontes de produção; despovoamento do interior;
política de estrangeiros acompanhando o que de mais desumano tem a
política europeia.
A partir de amanhã (hoje) o seu corpo estará em
Câmara ardente no Pavilhão Gimnodesportivo da Associação Académica de
Coimbra (Jorge Anjinho) e o seu funeral será no Domingo, dia 17, às
11h00m.
Que Descanse em Paz!
Publicado por por José Aníbal Marinho Gomes, em Risco Contínuo
REACÇÕES
Recordo-o saudosamente como um incansável lutador monárquico, sempre
presente e de enorme coerência e ideologicamente muito consistente.
Deixo o meu voto de pesar.
Gonçalo Reis Torgal será sempre uma referência entre os combatentes pela Restauração da Monarquia em Portugal
Deixo o meu voto de pesar.
Gonçalo Reis Torgal será sempre uma referência entre os combatentes pela Restauração da Monarquia em Portugal
Que descanse em Paz!
Passavam poucos minutos da meia-noite: transmite-me o Carlos Oliveira -
o amigo mais próximo, que o acompanhava com exemplar desvelo no seu
agitado dia-a-dia... - a notícia dolorosíssima da morte do nosso querido
Gonçalo Reis Torgal. "Apenas" primo, senti a falta de um irmão mais
velho. Com ele convivi intensamente nesta última dezena de anos,
comungando nos Ideais, no amor à nossa Académica, no nas belas
cavaqueiras, no saborear de apetitosos petiscos, que ele comentava sempre,
ora regalado, ora crítico, mas sempre com bonomia (passado o minuto de
"resmunguice"... , que cumpria como um ritual... mas até nisso tinha
graça...), por esse País fora. Lembro as nossas incursões por Praga e
por Madrid, acompanhando - a dois, que ele adorava companhia - a Briosa,
jornadas inesquecíveis de agradabilíssimas conversas, em que, por norma
eu aprendia sempre, ouvinte atento da montanha de cultura que ele
acumulara anos fora... Adorava, outrossim, a companhia do Alma de
Coimbra (e, sobretudo, dos "grupos" de Aveiro e do Porto - o Custódio
Moreirinhas, o Paulo Amador, o Porfírio Simões, o João Ribeiro da Cunha,
o Zé Luís Curado, o Daniel Tapadinhas, os irmãos Manuel e Luís Sobral
Torres, o Francisco Carvalho e o António Sousa Monteiro - e não esqueço o
Zé Andrade Ferreira, quando, vindo do Pico, se juntava a esta gente
faminta... Além de, um pouco pelo País, integrara, a convite da
Direcção, com o nosso querido Dr. Augusto Camacho Vieira, insigne
intérprete da Canção Coimbrã, a comitiva do Alma, na visita a Madrid, em
Julho de 2012... Lembrar com alegria este homem ímpar, será, para ele,
junto de Deus (quiçá a interrompê-lo, bondosamente, de vez em
quando...), a melhor forma de o termos sempre presente. Noite fora, abri
o seu último trabalho, "Coimbra à Mesa"; transcrevo um trecho do
prefácio, da autoria da Doutora Maria Helena da Cruz Coelho (que
presidira ao júri da prova de Mestrado que, na Faculdade de Letras -
auditório repleto!!! - a que o Gonçalo se candidatou... aos 83 anos,
tendo obtido a classificação - não generosa... de 19 valores): "Ele
(GRT) é um sinal identificador da sua enorme capacidade de memória, da
sua ampla e variada cultura, da sua permanente irreverência e da sua
intensa sociabilidade". Retrato perfeito. Porventura, fatigado, descansa
em paz com os Justos. Paz à sua Alma. Um abraço enorme os mais
chegados.
Na nota que deixei, acerca do falecimento do nosso
nunca por demais lembrado Gonçalo dos Reis Torgal, esqueci um detalhe
relevante no sentimento de estima que o ligava ao Alma de Coimbra.
Dedicava um enorme apreço pelo talento e pela
simpatia do Prof. Augusto Mesquita. Surpreendiam-no, a cada passo, a
capacidade criativa do maestro que lhe permitia, como raros, adaptar
trechos lindos dos melhores intérpretes portugueses, em peças corais do
maior agrado.
Sem comentários:
Enviar um comentário