‘Os homens de hoje, como eu, crêem com ardente fé na redenção da
nossa Pátria pelo Povo, o qual intervindo, a exemplo de outros países,
de um modo directo, consciente dos próprios interesses e, ouso, dizer,
preponderante no andamento dos negócios públicos, há-de regenerar
fundamentalmente a sociedade…, põem todas as esperanças, como uma
espécie de fetichismo, na vontade indomável, na largueza de vistas, na
energia que em Vossa Majestade são preciosas qualidades individuais, mas
também qualidades inalteradamente herdadas’, escreveu Alfredo Achiles Monteverde a El-Rei Dom Manuel II, em 07 de Outubro de 1909.
Um Rei não está constrangido nem refém de lobbies partidários,
económicos ou mesmo desta ou daquela classe social. A função de reinar
torna a chefia do Estado independente de calendários e lutas eleitorais,
pois elimina os compromissos eleitorais e as promessas vãs.
Independente de um calendário político o Rei tem a serenidade e a
legitimidade para actuar como moderador entre as várias facções
partidárias ou demais grupos da sociedade civil. Um Rei mantém uma
posição de neutralidade em relação a questões políticas, e, assim, seria
uma referência para todos. A Monarquia funciona ainda como um símbolo
de estabilidade, união e continuidade, independentemente das mudanças na
política partidária.
Mas sobretudo, o mais importante a nosso ver, o Rei seria o
intérprete da vontade nacional, sentindo com o Povo, fazendo seus os
problemas deste último e dando voz aos seus anseios, e, porque
independente, garantiria a unidade dentro da diversidade politico-social
do país, pelo que impediria a perturbação política e consequentemente a
agitação social.
Além do mais, a experiência confirmou o valor da monarquia
constitucional como uma fonte de travões e contrapesos contra políticos
eleitos que poderiam procurar obter poderes maiores aos atribuídas pela
Constituição e, assim, em último caso, como uma ressalva contra a
ditadura!
‘Senhor meu Rei, aqui em Portugal há que desfazer esta atoarda de
que tudo é do Estado! Os Vossos tão práticos Antepassados bem sabiam
que, primeiro deviam garantir os vassalos e só depois a Eles mesmos que a
Nação incarnavam. Agora, há só contribuintes e Estado democrático surdo
e mudo, que hermético se encerra na sua torre de marfim, fazendo
acreditar que tudo caminha, no melhor dos mundos possíveis! Na velha
Bizâncio, entrada já pelos turcos, também assim se cuidava,
protocolarmente…’, escreveu o 2.º Conde Alvellos in ‘O Berço Exilado do Príncipe da Beira’.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
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