“Quando, triste e envergonhado, leio a mentira
divulgada em textos revisionistas e marxistas... quando, feliz e
orgulhoso, associo-me às comemorações da data magna de Portugal, ainda
que dela nenhuma referência tenha encontrado na imprensa brasileira,
brado com emoção...”
...Obrigado, Portugal, Pátria-Mãe do meu Brasil!
Obrigado porque teus descobridores partiram da ocidental praia
lusitana e, por mares nunca d’antes navegados, foram bem além do
Bojador, além da dor, e descobriram para o mundo a terra onde eu nasci.
Obrigado por teres baptizado esta parte do Novo Mundo de Terra de Santa
Cruz, e que se fez conhecida como Brasil. Nas velas enfunadas da
esquadra de Pedro Álvares Cabral, teus navegadores, a cruz e a espada
lado a lado, revelaram-nos e marcaram-nos para sempre com a Cruz da
Ordem de Cristo. E, de imediato, mandou o Descobridor celebrar missa em
louvor a Nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo do Brasil a Nação cristã da
qual e do que todos nos orgulhamos. Obrigado pelo cristianismo!
Obrigado pela última flor do Lácio, inculta e bela! Porque tu, Portugal,
nos colonizaste, herdamos o idioma que Luiz Vaz de Camões e Fernando
Pessoa imortalizaram. Obrigado, pois que, assim, permitiste que na tua
língua latina se imortalizassem Machado de Assis, Castro Alves, Olavo
Bilac, Rui Barbosa, Gustavo Barroso e outros patrícios que bem a
esgrimiram. Graças ao teu Português, ao nosso Português, os cento e
noventa milhões de brasileiros se expressam e se entendem, emprestando
unidade exemplar à Nação. É por meio do idioma de nossos antepassados
luso-brasileiros que se entendem o caboclo da Amazónia e o capoeirista
da Bahia, o jangadeiro nordestino e o empresário paulista, o gaúcho dos
pampas e o seringueiro do Acre, o sambista carioca e o boiadeiro do
pantanal, o seresteiro das Minas Gerais e o índio de todas as tribos.
Obrigado pelo idioma que nos une e nos faz Nação!
Obrigado pelo
território que nos legaste! Obrigado pela audácia, bravura, coragem,
empreendedorismo e despojamento dos teus e dos nossos bandeirantes e
entradistas que ousaram transpor Tordesilhas. Povoados e vilas, rios e
campos, riquezas e ciência, tudo legaram em função da obra desbravadora
que tanto enriquece nossa História. Pelas mãos daqueles bravos e dos
homens do litoral, a Pátria foi sendo desbravada, demarcada e
construída. Obrigado pelo território, magistralmente defendido por teus
diplomatas, cuja obra tornou-se imortal nos teus tratados com Espanha,
entre os quais sobressai o de Madrid. Obrigado pela terra que nos
legaste.
Obrigado por esta mesma terra que para nós demarcaste e
defendeste, semeando marcos, padrões e fortificações. Aí estão os
fortes e fortalezas das Baías de Guanabara e de Todos os Santos. Aí
estão as fortificações em todo o litoral, como, por exemplo, as do
Recife, de Natal e Belém. Aí estão, sobretudo, provas da obstinação e da
capacidade de teus engenheiros em Príncipe da Beira e em Coimbra.
Obrigado, pois, pela riqueza histórica e cultural que, por meio tuas
obras defensivas, tu nos presenteaste.
Obrigado pela coragem e
bravura, pelo espírito combativo e destemido com que tu, Portugal,
lideraste lusos e brasileiros nas lutas contra o invasor francês, no Rio
de Janeiro e no Maranhão. Assim também nos combates contra o ousado
invasor holandês, na Bahia, em Pernambuco e em outras praias do
Nordeste. Da mesma forma, com determinação, comandaste os teus e os
nossos nas pelejas contra os ingleses na calha amazónica.
Obrigado pela integridade do patrimônio territorial, afirmada e
confirmada pela transmigração de tua Corte para o Rio de Janeiro, o que
fez do monarca português o único rei europeu a visitar e a viver no Novo
Mundo. Não fora a sábia e oportuna decisão tomada pelo Príncipe
Regente, quem sabe como teríamos nosso País, quase metade da América do
Sul, do qual tão bem desfrutamos em pleno Século XXI? Obrigado pelo
legado da permanência da Corte no Brasil, de que são exemplos o Jardim
Botânico e a Academia Militar das Agulhas Negras, o Banco do Brasil e o
Arquivo Histórico do Exército, a Justiça Militar, a Polícia Militar do
Rio de Janeiro e o Corpo de Fuzileiros Navais, exemplos lembrados a esmo
entre tantos outros que bem poderiam ter sido recordados. Obrigado pela
integridade do território.
Obrigado pela independência,
proclamada pelo teu Pedro IV, que, em momento de magnífica lucidez e de
amor ao Brasil, D. João VI deixou-nos como Príncipe Regente. Fizemo-nos
independentes de ti, mas o sangue lusitano organizou o Império do Brasil
e nos governou até a Regência. Não se pode esquecer que, também nas
veias e artérias do brasileiro D. Pedro II corria o sangue de Portugal,
filho de teu Rei D. Pedro IV. Obrigado pela voz que bradou
“Independência ou Morte!”.
Obrigado pelo verde e pelo amarelo,
nossas cores nacionais desde o Império e que perpetuaram, em nosso
pavilhão, as cores das dinastias de Bragança e dos Habsburgos. Nelas,
hoje e no mundo inteiro, encontramos nossa identidade e por elas somos
prontamente reconhecidos. São cores que fazem bater mais forte o coração
do brasileiro. Elas estão em nossos quartéis, belonaves, aeronaves,
edifícios públicos, estádios, legações e trajes desportivos. Obrigado
aos da Casa de Bragança e aos da Casa dos Habsburgos por nossas cores
nacionais.
Obrigado pelo jeito brasileiro de ser, tão marcado
pela miscigenação adoptada e praticada pelo colonizador. Porque os teus
se miscigenaram, não somos racistas. Ao contrário, abominamos os que nos
querem fazer ver e pensar de outra forma. Não fossem os teus e não
teríamos as decantadas mulatas que tanto nos orgulham e que encantam plateias quando evoluem ao som de samba e do frevo, do maracatu e do boi
bumbá.
Obrigado pelo legado artístico que hoje exibimos em
nossas igrejas. São, os próprios templos, admiráveis obras de arte, com
seus riquíssimos acervos em imagens, objetos de ouro e prata, pinturas e
esculturas. Obrigado pelo que nos ensinaste e deixaste em arte sacra.
Obrigado pelo que nos ofereceste quando comemoramos, em 1972, o
sesquicentenário de nossa independência. Deste-nos o corpo do próprio D.
Pedro I, hoje guardado em venerável repouso no Monumento do Ipiranga,
às margens do mesmo riacho no qual proclamou-nos Nação livre e soberana.
Obrigado por deixá-lo repousar em terras brasílicas.
Obrigado
pelos costumes, valores e tradições que nos fazem parte inconfundível da
civilização ocidental. À tua predominante cultura somaram-se
contribuições italianas e indígenas, espanholas e africanas, finlandesas
e alemãs, japonesas e coreanas, holandesas e russas, todas artífices da
cultura brasileira, perfeitamente integrada e identificada à do
Ocidente. Obrigado por nos ter aberto as portas do Ocidente cristão.
Obrigado por tudo, Portugal! Obrigado, Pátria-Mãe!
Autor: Paulo César de Castro – General de Exército, actualmente na
Reserva Remunerada, antigo Chefe do Departamento de Educação e Cultura
do Exército
Enviada por Rainer Daehnhardt
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