O Coche é uma carruagem antiga, na maioria das vezes, bastante
luxuosa, e comummente de quatro rodas. Ainda que inspirado nos carros da
Antiguidade clássica denominados Faetonte, a pequena carruagem de
quatro rodas, descoberta e bastante rápida, o coche remonta a sua
existência apenas ao século XIV europeu. A palavra coche deriva de kocsi ou koci
e designa um novo tipo de transporte de tracção animal destinado à
transportação de pessoas, no qual a caixa se encontrava suspensa sobre o
rodado através de fortes correias de couro fixas a uma estrutura de
montantes, evitando, desta forma, o incómodo causado aos passageiros
pela trepidação sentida nas viaturas com a caixa assente directamente
nos eixos das rodas.
A invenção, deste sistema de suspensão, é apontada tradicionalmente
como ocorrida na localidade na Hungria, em Kotze, e depois de exportada
para Itália logo ocorreu a sua difusão pelo restante continente europeu.
Os coches originais eram muito diferentes dos que foram divulgados
pela Europa: as caixas ainda eram idênticas às utilizadas nos
carros medievais sem suspensão, com a cobertura de arcos ultrapassados,
que formavam igualmente as paredes laterais.
No século XV, surgiram várias inovações no campo dos coches: o
tejadilho passou a ter uma forma curva, suportado por quatro pilares
ligeiramente ligados para fora. A caixa era aberta, mas podia ser
protegida por cortinas de couro. Não tinha portas e podia ser e o seu
acesso fazia-se por uma abertura existente em cada um dos lados, através
de um estribo.
Este coche, ainda que se destinasse à realeza e às classes
aristocratas, só via os mais faustosos utilizados em solenidades da
Corte, como Aclamação de um novo Rei, Casamentos reais, Abertura do
Parlamento (só no século XIX), recepção de Monarcas ou altos dignitários
estrangeiros.
A sua generalização ocorreu no período conhecido como o Renascimento,
atingindo o apogeu no século XVIII, em Portugal, durante o reinado do
Rei-Sol Português, o Magnânimo El-Rei Dom João V, Sua Majestade
Fidelíssima – assim apodado por receber o Título do Papa Bento XIV,
quatro anos depois de inaugurado em 1744 do Convento de Mafra que mandou
construir em Acção de Graças pela descendência, titularia extensível
aos seus sucessores, facto pelo qual, a partir do século XVIII, passou a
ser atribuído o título de Sua Majestade Fidelíssima ao Rei de Portugal.
Os Coches eram, vulgarmente, obras de grande aparato, esculpidos em
superior madeira ao melhor estilo do barroco e enriquecidos com os
materiais mais preciosos como ouro, prata, tartaruga, veludo, e
ornamentados de pinturas magníficas.
Eram fruto da imaginação e talento de enormes artistas da época e são
grandes nomes desta arte: Barros Laborão, José Almeida, Cunha Taborda,
etc.
Reconhecendo a enorme importância, valor artístico e cultural desta
forma de expressão artística Sua Majestade a Rainha Dona Amélia de
Portugal reuniu um riquíssimo espólio datado do século XVII ao XIX no Museu dos Coches Reais,
que por Sua iniciativa abriu portas em 1905, no Picadeiro Real do
Palácio de Belém uma antiga escola de arte equestre, construída em 1726.
A colecção é rica e imensa, donde se destacam três gigantescos e
grandiosos coches de esstilo Barroco construídos em Roma por encomenda
do embaixador português na Santa Sé, D. Rodrigo Almeida e Menezes para a
célebre embaixada enviada por El-Rei Dom João V ao Papa Clemente XI e
que dividiriam o protagonismo com o célebre elefante Hanno. Estes coches
possuem interiores luxuosos forrados a veludo vermelho e ouro, e no
exterior são decorados com variadas esculturas em tamanho natural
explanando diversas alegorias e revestidos a ouro num trabalho
denominado talha dourada, para além das armas reais ricamente pintadas.
Acresce que durante muitos anos nenhum outro monarca europeu enviou
embaixadas ao Papa por não se achar em condições de pelo menos igualar
tamanha magnificência.
E dentro dos coches existem ainda vários subtipos como o coche de
viagem de Filipe II de Portugal (III de Espanha), de madeira e couro
negro, do século XVII e por exemplo o landau, do século XIX, daquele
trágico episódio da História de Portugal, o atentado conhecido como
Regicídio, onde foram brutalmente assassinados, em 1 de Fevereiro 1908, o
legítimo Monarca Constitucional El-Rei Dom Carlos I de 44 anos e Seu
Augusto filho e herdeiro, Dom Luís Filipe de Bragança de 20 anos pelos
terroristas carbonários Manuel Buiça, Alfredo Costa e mais três.
Também, nem todos os coches da Família Real Portuguesa são coches,
pois há ainda as Berlindas assim chamadas porque a caixa da carruagem
era apoiada sobre a estrutura das rodas que a suportava e por isso o/os
seus ocupantes ficavam numa posição bastante elevada, elo que ainda hoje
se usa a expressão, ‘andar na berlinda’. Tal-qualmente,
existem outros exemplos de carruagens reais, incluindo cabriolés de duas
rodas. Existe, também, uma sege do séc. XVIII, fabricada durante a
época do Conde de Oeiras – mais tarde Marquês de Pombal -, com janelas
que parecem óculos, viatura encarada como o primeiro táxi de Lisboa,
pintado de preto e verde, as cores dos táxis até meados da década de 90;
e ainda uma carruagem do Correio.
Tudo isto é enriquecido e complementado com trajos da corte como dos
pajens, de criados de libré e dos cocheiros, assim como de diversos
equipamentos de cavalos como os arneses, liteiras, para além de retratos
a óleo da família real.
Acresce que, com o golpe republicano do 5 de Outubro, o nome do Museu foi alterado para Museu Nacional dos Coches.
O último coche que foi utilizado em Portugal foi a Carruagem da
Coroa, aquando da visita de Sua Majestade a Rainha Isabel II do Reino
Unido, em 1957.
Quanto há estória das novas instalações do Museu é de conhecimento público…
VIV’Á HISTÓRIA DA MONARQUIA!
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
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