O
Duque de Bragança, Dom Duarte Pio, apelou hoje aos responsáveis de
"qualquer quadrante político" para chegarem a um consenso "com base numa
ética do interesse nacional e do desinteresse pessoal e partidário".
Na
mensagem a assinalar o 1.º de Dezembro - dia que celebra a restauração
da independência de Portugal após o domínio filipino -, o Duque de
Bragança referiu que, actualmente, "Portugal encontra-se sob dependência de credores e burocratas estrangeiros".
"Infelizmente,
o país não tem grande margem de manobra se o bom senso não prevalecer.
Dos responsáveis, em qualquer quadrante político, se espera que façam
também um esforço para dialogarem de boa-fé, superarem divergências,
chegando a consensos com base numa ética do interesse nacional e do
desinteresse pessoal e partidário, que tão arredada tem estado do
funcionamento da nossa vida colectiva", referiu.
Esta situação, diz Dom Duarte Pio, é uma consequência da "irresponsabilidade
de governantes que endividaram o País, gastando o que tínhamos em
investimentos que não produziram riqueza, mas que permitiram ganhos a um
número reduzido de privilegiados e que lançaram muitos para o
desemprego e pobreza".
"Muitos
sofrem agora as angustiantes consequências de algumas políticas
irresponsáveis ou desonestas que conduziram esta 3.ª República a uma
situação de quase falência financeira", frisou, enaltecendo o "magnífico
exemplo que os portugueses têm dado no campo da resistência à
adversidade e na preocupação com os que precisam de apoio".
Dom Duarte Pio lembrou os idosos, "cujo esforço de uma vida se vê ameaçado pela injusta quebra de rendimentos", os desempregados, que perderam o salário, os "novos pobres", a aumentarem, e os jovens, obrigados a emigrar.
"Na
presente encruzilhada em que a Europa se encontra, em que tem de dar
mais atenção às pessoas do que aos bancos, chegou a hora de nós,
cidadãos, dizermos à Europa que esta não se pode fechar sobre si mesma,
mas tem de olhar e estabelecer acordos com os Estados de todos os
continentes que prosseguem os ideais europeus de humanismo e liberdade", frisou.
Salientando
a importância da ajuda de "organizações civis e religiosas" aos
carenciados, Duque de Bragança revelou que a mulher, Isabel de Herédia,
perspectiva criar o Prémio Príncipe da Beira, para promover "a
criatividade científica".
"Já
há um consenso nacional de que a nossa muito baixa natalidade
compromete gravemente a sustentabilidade económica. Sem renovação das
gerações, o Estado não conseguirá pagar as reformas de quem descontou
para a Segurança Social: mas são poucos os que ousam falar de uma das
causas deste problema", declarou Dom Duarte Pio de Bragança.
O Duque de Bragança defendeu também que "há muito para fazer no sentido de tornar mais eficaz o relacionamento" com Espanha.
"Na
agricultura e na indústria, o relacionamento tem sido de agressiva
concorrência, por vezes desleal, quando seria preferível e possível uma
sã cooperação. Mas há que começar por criar um melhor conhecimento
mútuo. Isso já acontece em algumas localidades fronteiriças, que
desenvolveram excelentes iniciativas, exactamente por existir esse
conhecimento mútuo.
Por
fim, Dom Duarte Pio fez referência à supressão do feriado do 1.º de
Dezembro e apelou para uma subscrição nacional para a recolha de fundos
destinados à Sociedade Histórica da Independência de Portugal,
responsável pela promoção das celebrações da efeméride.
"Sei
que estamos a terminar um ano difícil. Foi um ano em que as famílias
empobreceram, em que as empresas atravessaram dificuldades e em que o
Estado cortou nas pensões e vencimentos dos funcionários públicos, mas
não diminuiu significativamente os outros custos da própria máquina
estatal", disse.
Lusa/SOL, 30 DE NOVEMBRO DE 2013
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