Portugal está a 30 anos
do seu 900.º aniversário. Em 2043, sopraremos 900 velas. É obra. Na ONU,
se os países fossem ordenados por antiguidade, julgo que Portugal
(1143) só seria suplantado pelos impérios orientais, que parecem imunes
ao tempo, e pela Inglaterra (1066). E, se o critério fosse a
imutabilidade das fronteiras, até os chineses teriam de dar prioridade
aos portugueses. É obra. É motivo de orgulho. Não, não estou a invocar o
lero-lero quinto imperalista da missão universal. Estou apenas a falar
da calma serena que nasce da simples constatação: estamos aqui há 900
anos.
Além de motivo de orgulho, os 900 anos são uma campanha
de publicidade que se escreve sozinha. Conseguem imaginar o impacto do
"the oldest country in the world" no nosso turismo? Eu consigo. Porém,
de forma trágica, os portugueses ignoram a proximidade dos seus 900
anos. O país está desligado da sua própria fundação. Portugal foi
fundado em 5 de Outubro de 1143. Sim, não me enganei no dia. Portugal
foi fundado num 5 de Outubro, o
mesmo 5 de Outubro do golpe de estado que implementou um regime
anti-democrático e violento vulgarmente conhecido pelo eufemismo I República.
Por outras palavras, a glorificação dos revolucionários de 1910 esconde a
fundação do país. Portugal fez 870 anos no sábado, mas a elite
comemorou 103 anos de um golpe de estado que uma minoria impôs ao país.
O país é anterior às ideologias. O país precede os
regimes. Os regimes e as ideologias existem para servirem o país, e não o
contrário. Ao celebrar 1910 em vez de 1143, a III República está a
dizer que Portugal existe para servir a ideologia da esquerda jacobina.
Eis o absurdo que leva as almas sensíveis a rotular de "fascistas" ou
"nacionalistas" aqueles que têm orgulho nos (quase) 900 anos do seu
país. Mas podem ficar com o rótulo, que eu fico com o orgulho. Um
orgulho que será partilhado por todos daqui a 30 anitos.
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