Se querem comparar Cavaco a D. Carlos, o
único argumento a apresentar será a visita de soberania às Selvagens,
pois o monarca, no momento em que as chancelarias indicavam a
possibilidade do esbulho das ilhas por parte dos EUA, em boa hora
decidiu a realização daquilo que ficaria conhecido como A Visita Régia aos arquipélagos da Madeira e dos Açores. A isto se resume qualquer similitude na acção das duas personalidades.
Um texto explicativo escrito por alguém que não pertence à nossa Causa, talvez tenha mais credibilidade.
Henrique Raposo diz aquilo que qualquer observador honesto conta como
verdade inquestionável, apenas esquecendo um pormenor que decididamente
afasta a 3ª República daquilo que foi a Monarquia Constitucional: o Rei
não tinha partido, jamais foi arrastado até ao cadeirão do Palácio por
um grupo de interesses, fossem eles quais fossem. Quanto ao poder de
árbitro, do qual D. Carlos infelizmente teve de ser o exemplo mais
notório, ninguém poderá hoje imaginar o Rei poder ter enviando recados
ou destruído parlamentos através de discursos, reunido com
"correligionários" que eram inimigos do chefe do governo, ou promovido
teses de conspiratas sem sentido. De uma forma que muito longinquamente
se pode comparar com o momento que vivemos, a procura de entendimentos
interpartidários jamais esteve fora da vista do monarca. O surgimento de
João Franco consistiu numa necessidade que a opinião pública da época
acolheria com esperança, para grande desespero dos directórios e
inenarrável estupor dos minoritários republicanos. A questão agora
colocada é outra, até porque não se vislumbra um único nome com as
qualidades outrora apresentadas por Franco e para cúmulo da
infelicidade, Cavaco não passa de mais um chefe político-partidário
entre os demais. O mesmo podemos dizer dos seus antecessores Soares e
Sampaio, muito justamente considerados como alavancas do seu partido. É
isto, a república.
"Ao contrário do que reza a lenda
republicana e soarista, a I República não deu o sufrágio universal aos
portugueses. Aliás, a Monarquia foi mais democrática do que a República.
Nos primeiros anos, Afonso Costa manteve o sufrágio censitário herdado
da Monarquia (o normal na época), mas em 1913 cortou para metade o
número de eleitores. Além disso, convém registar que as eleições da I
República não eram muito diferentes das eleições no Estado Novo. Para
assegurar o resultado certo, o Partido Democrático colocava capangas
junto das urnas. E na questão da liberdade de imprensa? A nossa Monarquia foi um dos regimes mais livres de toda a Europa.
Durante décadas, os republicanos tiveram liberdade total para fazerem
comícios e publicarem pasquins anti-Monarquia. Ao invés, o Partido
Democrático atacou violentamente a liberdade de imprensa. De forma
rotineira, os capangas da "formiga branca" vandalizavam as sedes dos
jornais inimigos do partido."
publicado em Estado Sentido por Nuno Castelo-Branco, em 18.07.13 às 08:53
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