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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 20 de abril de 2013

EXCERTO DE UM DISCURSO NAS CORTES DE 24 DE JUNHO DE 1828 NO PALÁCIO DA AJUDA


«Sereníssimo Senhor.

Depois de tão longas peregrinações, e por entre tantos perigos e trabalhos, a mão do Omnipotente conduziu a Vossa Alteza Real desde as margens do Danúbio às do Tejo, para salvar o seu povo. Este fiel povo, agitado, oprimido e consternado pelos partidos, pelas revoluções e por todo o género de angústias, suspirava com tanta ansiedade pelo libertador que havia de pôr termo às suas calamidades como em outro tempo o de Israel durante o cativeiro de Babilónia. Depois de Deus, todas as nossas esperanças se fixavam em Vossa Alteza Real, e não era em vão, porque com Vossa Alteza Real à nossa frente temos começado uma era mais ditosa.

Aquela hidra, que há cinco anos Vossa Alteza Real esmagou em Santarém, tem sido origem e causa de todas as nossas desgraças. Vossa Alteza Real pisou-lhe a cabeça com um heroísmo que imortalizou seu nome; porém ela, sendo de uma vida tão tenaz como pintam a hidra da fábula, e ainda mais perigosa por seus ardis, comprimiu-se, humilhou-se, fez-se morta, e passados alguns instantes levantou de novo o colo, tomou diversa figura, empregou novos agentes e os seus primeiros tiros dirigiram-se contra aquele que a tinha esmagado.

Nenhuma outra coisa se devia esperar, uma vez que o monstro ficou com vida, mas se ele preparou a Vossa Alteza Real longos trabalhos, penosas fadigas, também lhe deu ocasião a colher novos e ainda mais viçosos louros nos campos da honra e da glória; se nos envolveu em dias de dor e de amargura, também nos trouxe o doce prazer que hoje respiramos.

Partiu Vossa Alteza Real de entre nós levando-nos consigo nossos corações e deixando-nos o pranto e as saudades. A facção neste seu triunfo passageiro fez de Portugal um campo de batalha, em que as intrigas e as paixões se combateram horrivelmente. Muito sofremos, com mágoa o digo, muito sofremos durante a ausência de Vossa Alteza Real, e a Europa não foi talvez bem informada da natureza e extensão de nossos males, porque não via os sucessos de Portugal senão através de uma atmosfera nebulosa e corrompida. Os ódios, as perseguições, as vinganças e por fim a guerra civil, como era consequente... porém que horrorosas recordações me prendem a voz!

Não manchemos com recordações tristíssimas o júbilo e glória de tão grande dia, lançando esta nódoa sobre as pompas festivas que por toda a parte se preparam. Oxalá que se pudesse interromper a cadeia do tempo e riscar de nossos fastos a triste história dos últimos oito anos!

Lancemos pois, se é possível, um véu sobre o passado e ocupemos toda a nossa atenção com o grande objecto para que Vossa Alteza Real nos reuniu ao redor do seu trono, sem renovar lembranças que possam provocar ressentimentos e atear dissenções, quando Vossa Alteza Real tomou a nobre empresa de reunir a nação e trazer todos os portugueses à concórdia.

Ficaram satisfeitos os nossos primeiros desejos com a presença de Vossa Alteza Real, que um só momento não tardou desde o seu feliz regresso que não começasse a enxugar nossas lágrimas. Vão preencher-se as nossas esperanças com a benéfica resolução que Vossa Alteza Real tomou de convocar os três estados do reino para o fim já indicado no decreto de sua convocação e que hoje nos mandou anunciar em termos mais expressivos pela boca do ilustre orador que me precedeu.

A grande questão nacional (grande pelas suas consequências e não pela dificuldade da matéria) que tem dado pretexto aos malévolos para revoltarem a Monarquia até os fundamentos; cuja melhor aplicação existe na voz unânime, que soou por todo o reino. Mas Vossa Alteza Real a submeteu às deliberações deste Congresso, para que de novo se examine com madureza, e nesta real determinação, digna por certo de um grande príncipe, Vossa Alteza Real nos dá mais uma prova decisiva de seu espírito de justiça, moderação e desinteresse e do muito que se desvela pelo bem do Estado.

Hoje é o aniversário de um dia que será sempre memorável na história, pela transcendência de seus resultados. Em 23 de Junho de 1789 houve em França aquela sessão real dos Estados Gerais, onde se desenvolveram os princípios da revolução que o virtuoso Luís XVI com ela pretendeu atalhar. Mas que diferença entre os tumultos que começaram naquele dia e o sossego que Vossa Alteza Real vê reinar neste Congresso! Da reunião dos três estados de França em 23 de Junho de 1789 resultou a destruição da monarquia francesa e esta espantosa série de males, de que ainda se ressente a geração actual e se ressentirão talvez por muito tempo as gerações futuras; da reunião dos três estados de Portugal em 23 de Junho de 1828 resultarão providências que hão-de fazer a felicidade da nação e devem ter uma alta influência na tranquilidade da Europa. MAS EM FRANÇA DOMINAVA O ESPÍRITO REVOLUCIONÁRIO, AQUI DOMINA O AMOR DA ORDEM E BRILHA A FELICIDADE PORTUGUESA, EIS A DIFERENÇA. (...)»

Excerto do DISCURSO de José Acúrsio das Neves na reunião das CORTES de 1828 (Palácio da Ajuda - Portugal, a 24 de Junho).

“A hidra continua bem viva e não mais apareceu quem a pisasse e a matasse de vez!”

Guilherme Koehler

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