O Príncipe Real Dom Luís Filipe em visita a Angola, com o Governador-Geral, Henrique de Paiva Couceiro (Luanda 1907).
Príncipe Real, filho de Dom Carlos I e da Rainha Senhora Dona Amélia.
N.
em Lisboa, em 21 de Março de 1887, fal. vitima do atentado de 1 de
Fevereiro de 1908, assim como seu pai. O seu nome completo era Dom Luís
Filipe Mário Carlos Aurélio Fernando Victor Manuel Lourenço Miguel
Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Benito.
Fez
o seu juramento como Príncipe Herdeiro do trono, em Junho de 1901,
contando 14 anos de idade, realizando-se a cerimónia na Câmara dos
Pares, na presença de seus pais, da corte e do parlamento convocado em
grande gala. Acompanhou juntamente com seu irmão, o infante Dom Manuel,
actualmente rei de Portugal, sua mãe, a rainha senhora Dona Amélia, na
viagem feita ao Mediterrâneo, em 1903. Tomou posse do seu lugar no
Conselho de Estado em 13 de Abril de 1906, como lhe competia nos termos
do artigo 112.º da Carta Constitucional, que dá esse direito ao herdeiro
da coroa desde os 18 anos de idade. Em 1906 teve a regência do reino de
11 a 16 de Março, por causa da viagem de Suas Majestades a Madrid. Em
1907 fez uma viagem a África visitando diversas das nossas colónias,
acompanhado pelo ministro da Marinha, então o Sr. Conselheiro Aires de
Ornelas de Vasconcelos. O príncipe Dom Luís Filipe era Duque de Bragança
e de Saxónia capitão honorário de Lanceiros n.º 2. A sua morte trágica
causou a mais horrorosa impressão, pois não passou do assassínio de um
adolescente, que não a merecia. Um seu biógrafo, traçando-lhe o elogio,
jura que na alma daquele mancebo se continham os predicados morais de um
futuro grande Rei. E acrescenta: «Ninguém mais lhano e afectuoso do que
Ele; ninguém mais cheio de boas intenções. Tinha toda a elegância da
bondade (permita-se esta frase), todos os resguardos de um bem
intencionado, todas as tolerâncias de um cristão. Á mesa do estudo,
dócil e atento, escutando as prelecções de um estudioso, que (à falta de
outros méritos) possuía a experiência, e lhe falava sempre franco, à
maneira de um avô com um neto era para ver a sagacidade com que pedia
explicações, e acompanhava de comentários sensatos as palavras do seu
mestre. Com os seus servidores era polidíssimo, e agradecia sempre, com o
seu sorriso de Príncipe benévolo, o mínimo serviço que lhe prestavam,
um livro que mandara buscar, uma carta que lhe traziam, a mínima coisa.
Já cultíssimo, apesar dos seus poucos anos, senhor da História pátria,
da Geografia, do Desenho, da Matemática, etc., falava como um nacional o
francês, o inglês, o alemão, além de perítissimo no jogo das armas, na
equitação, em todas as prendas de um homem da sua esfera. No que dizia, e
no que sabia calar por polidez, era um verdadeiro homem do mundo, ele
que do mundo apenas conhecia os primeiros passos. Na sua figura nobre e
atraente revelasse o Grande e o Bom.»
Portugal - Dicionário Histórico
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