Na
2ª metade do século XIX, dizia Oliveira Martins, falando da "anarquia
mansa" do constitucionalismo: "Portugal morre à falta de uma doutrina".
Estamos no século XXI e não temos como não sufragar todas as suas
premonições.
Aliado aos maus caminhos seguidos pelo
constitucionalismo, a derrota dos Impérios centrais em 1918 deu origem
ao triunfo e omnipotência da "democracia" que deu largas aos abusos,
aos vícios e aos crimes para desgraça dos povos que não a eliminaram a
tempo. A guerra de 1914 fez-se em nome da democracia, mas os que a
defendiam batiam-se ao mesmo tempo pela autocracia do Czar de todas as
Rússias e pelos direitos dos pequenos povos a... organizarem quadrilhas
de salteadores e assassinos contra as autoridades dos países vizinhos.
Este é o quadro político em que surge o INTEGRALISMO LUSITANO, uma lufada de ar fresco numa sociedade em total decadência.
Toda a sua doutrina é posta em causa e quaisquer afirmações eram motivo
de troça, indignação, cólera, desdém, incompreensão ou equívoco.
As inteligências, mesmo as mais sólidas e consistentes, as que mais
pareciam da democracia não tinham preparação para a doutrinação
integralista, "tal como sucede a estômagos doentes que não suportam
alimentos fortes".
A República instalada e decadente, os
integralistas lutando pela Monarquia, a dissidência entre os monárquicos
constitucionalistas e tradicionalistas era evidente, embora aqueles
alegassem que não era o momento ideal para polémicas doutrinárias, pois
todos eram bem intencionados na defesa da Pátria e que urgia uma grande
unidade de acção no combate contra o inimigo comum, a República.
A
estas intenções dos constitucionalistas, os integralistas respondiam que
não lhes interessava a restauração da Monarquia Constitucional; que não
havia nada de comum entre integralistas e liberais; que a unidade de
acção contra a República tinha de partir da unidade doutrinária; que
estava em causa a própria essência da doutrina e não pormenores
secundários dela; e por fim, a cobardia, a abdicação e a subserviência
ao estrangeiro dos constitucionalistas.
A distância que separava, em
questões doutrinárias, os integralistas dos outros monárquicos era
grande como escrevera Hipólito Raposo "Divide-os o pensamento, desune-os
o intuito, separa-os a consciência do que foi e do que deve ser a
futura Monarquia, para que ela possa um dia identificar-se inteiramente
com a Nação organizada."
Tudo ficou esclarecido quando, em 1932, se
juntaram no Mindelo constitucionalistas e maçons, monárquicos e
republicanos, aos vivas à "Liberdade e à República", em comovida
exaltação dos antepassados comuns que, em 8 de Julho de 1832, na Praia
dos Ladrões, tinham desembarcado para pôr o país a saque.
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