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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

AMANHÃ: D. LUÍS DA CUNHA, GLÓRIA DA DIPLOMACIA, NA BIBLIOTECA NACIONAL

Do ponto de vista historiográfico, a história da diplomacia portuguesa é uma lástima. Excepção feita ao clássico Biker, ao esforçado Brazão, ao importante Borges de Macedo, assim como aos contemporâneos Isabel Cluny, António Vasconcelos de Saldanha e Abílio Diniz da Silva, tudo está por fazer, pois se estudos monográficos esparsos existem - sobre períodos, relações bilaterais e figuras - falta uma obra magna que permita uma compreensão latitudinal das constantes da nossa política externa, para lá das generalizações, da repetição de topos e da mera verbalização. O tentame de Soares Martinez é um nado-morto, pois nada acrescenta ao rememorar de actos diplomáticos há muito referidos com propriedade pela historiografia geral, de Fortunato de Almeida a Veríssimo Serrão. Quem trabalha em assuntos relacionados com a história das relações externas de Portugal, saberá do que falo. Para lá das excepções aludidas, o investigador tem de se debater com os caixotes das Necessidades, da Torre do Tombo e do Arquivo Histórico Ultramarino, dédalos de silvas jamais desbastadas. Como em tantas outras áreas das Ciências Sociais e Humanas, no caso vertente os trabalhos sobre relações internacionais são um oceano de "teorias", "conceitos", "escolas" - tudo regado a Nozik, a Hayek, Rawls, moda actual depois de esgotados Habermas e Foucalt - mas trabalho de mina (de biblioteca, de arquivo) nada.

No ano em que se celebram os 300 anos das Pazes de Utreque e das missões aí despachadas para entabular negociações com vista ao termo da Guerra da Sucessão de Espanha, nomeadamente as do Conde de Tarouca e de D. Luís da Cunha, a Biblioteca Nacional preparou uma exposição e um colóquio  sobre o homem e a obra daquele que é, sem dúvida, o maior expoente da diplomacia portuguesa.. Visionário e inspirador remoto da ideia de um Portugal liberto do rectângulo peninsular - defendeu a transferência da capital do Reino para o Brasil - pensador ousado e reformista, adepto entusiasta do predomínio da aristocracia (que entendia como meritocracia), coube a este homem de excepção, ouvido pelas cortes, conselheiro e hábil defensor dos interesses da Coroa, transformar uma derrota militar numa vitória de Portugal em Utreque. Um exemplo inspirador para os dias de hoje.


D. Luís da Cunha (1662-1749). O “oráculo” da política.

EXPOSIÇÃO | 17 Janeiro - 20 Abril | Sala de Exposições Piso 3 | Entrada livre



No 350º aniversário do nascimento de D. Luís da Cunha e no 300º aniversário do início das negociações dos Tratados de Paz de Utreque, decidiu a BNP realizar uma exposição que homenageasse com dignidade o grande diplomata, e simultaneamente destacasse o significado para Portugal e para o Brasil, dessas importantes negociações diplomáticas.

Pretende-se com esta exposição trazer ao conhecimento do público algumas peças de uma documentação inédita que nos revela um grande português, diplomata insigne, político eminente, homem de cultura (provavelmente um dos primeiros iluministas portugueses) que procurou dar corpo a uma visão estratégica para a política portuguesa, batalhando com vigor em Utreque, nas negociações dos dois Tratados - com França (1713) e com Espanha (1715) .

Espírito livre e iconoclasta, apontou com firmeza, mas de forma fina e elegante, o caminho a seguir em épocas de crise, como nas anteriores negociações do Tratado de Methuen (Dezembro de 1703) ao qual se opôs, ou nas difíceis relações políticas com Espanha (a propósito da Colónia do Sacramento, ou do “incidente” de Madrid de 1735), com Holanda (contrariando os interesses das grandes companhias majestáticas neerlandesas), ou com Inglaterra, solicitando arduamente o apoio militar estabelecido nos tratados, invocando até os próprios interesses ingleses que beneficiavam com a independência de Portugal e com a segurança das frotas que traziam o ouro e as riquezas do Brasil.

Enfim, ousou atacar os aspectos mais negativos da sociedade portuguesa – as iniquidades dos processos inquisitoriais, a lentidão da justiça, a decadência das manufacturas e da agricultura no interior do país. Tentou incutir nas orientações da política portuguesa o fomento das actividades produtivas, a redução das propriedades da igreja e do número dos eclesiásticos, e procurou que o desenvolvimento do Brasil (inclusive através do seu povoamento com os hereges protestantes) fosse um escopo estratégico da política nacional.

Valerá seguramente a pena vir conhecer, na Biblioteca Nacional, todos estes testemunhos de D. Luís da Cunha, que marcaram uma época tão importante do império português, tendo alguns dos seus conselhos um valor intemporal, como a célebre frase com que abre as Memórias da Paz de Utreque: «Como de ordinário nos grandes apertos se acode a curar o mal presente, ainda que do remédio se deva seguir depois maior achaque».

Abílio Diniz Silva

D. Luís da Cunha e as negociações de Utreque

SEMINÁRIO | 17 Janeiro 2013 | 9H30-17h30 | Auditório BNP | Entrada livre
 

utrecht_pba-450_0007No âmbito do 300º aniversário do início das negociações dos Tratados de Paz de Utreque e do 350º aniversário do nascimento de D. Luís da Cunha, este encontro realiza-se no dia da inauguração da exposição sobre a sua obra, destacando também o significado daquelas importantes negociações diplomáticas.

O Congresso de Utreque junta-se ao de Vestefália (1644-48) e ao de Viena (1814-15) como marco fundamental no desenvolvimento da diplomacia e na construção do sistema internacional moderno, com fortes consequências para Portugal e, sobretudo, para os seus domínios sul-americanos.

Desejando alargar a reflexão a um maior número de participantes, tomamos este dia de trabalho como uma ocasião para partilhar resultados das pesquisas, debater problemas metodológicos da investigação na área da diplomacia e da história das relações internacionais e sensibilizar a comunidade científica nacional para o interesse de dar continuidade a este tipo de estudos.

Programa

9h30 : Sessão de abertura

10h00-11h30 : Diplomacia e representações | Moderador: Pedro Cardim (CHAM/FCSH-UNL)

Os debates na corte de Lisboa vistos pelo Enviado da Prússia – Ana Leal de Faria (CH/FLUL)
Episódios da Guerra de Sucessão no Atlântico Sul: os ataques de Duclerc e Duguay-Trouin ao Rio de Janeiro – Ângela Domingues (IICT)
A guerra da sucessão de Espanha e a diplomacia em Utreque – Isabel Cluny (CHC/UNL)

11h30 : Intervalo

11h50-13h00 : O novo quadro europeu | Moderadora: Zília Osório de Castro (CesNova/FSCH-UNL)

Geopolítica e migrações no contexto de Utreque – José Damião Rodrigues (CHAM/UAc)
D. Luís da Cunha. O “ oráculo” da política – Abílio Diniz Silva (BNP)

13h00 : Almoço

14h30-17h00 : A guerra da Sucessão de Espanha e a Paz de Utreque: fontes e metodologias | Moderadora: Fernanda Olival (CIDEHUS/UE)

Intervenções de Susana Münch Miranda (CHAM/FCSH-UNL), Ana Cristina de Santana Silva (BNP), Hugo Alves (ISCTE-IUL), Joaquim Romero Magalhães (FE-UC)

16h00 : Debate

17h00 : Lançamento do livro Testamento Político de D. Luís da Cunha, com estudo e edição crítica de Abílio Diniz Silva.

18h00 : Inauguração da exposição D. Luís da Cunha. O “oráculo” da política


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