Sem surpresa, assistimos a um ano de
convulsão social, cujos protestos apresentaram já algumas características
semelhantes ao protesto público mundial, não só no Médio-Oriente, radicado,
parcialmente, na violência. Fenómeno impróprio da cultura portuguesa. É um
sinal.
Tornou-se evidente a falência do regime
e do tipo de democracia que asfixia Portugal. Infelizmente, foi necessária a
violação das mais básicas necessidades dos cidadãos para que estes,
publicamente, viessem reprovar os sistemas político e económico em que vivemos.
Foi tarde demais. Não deveria ser assim: admitamos que, ao não reprovar estes
sistemas ao mais leve sinal da sua corrupção, o povo revelou-se débil e
irresponsável no exercício da cidadania e, porque não afirmá-lo, com notas de
algum egoísmo na sua relação com a causa pública.
"A economia sobrepôs-se à dignidade
da vida humana", afirmou D. Jorge Ortiga. É a frase do ano e, temo, a dos
próximos.
Houve, todavia, a consciência e a
constatação da necessidade urgente de "refundar" o Estado. Esta
poderá e deverá constituir o ponto de partida para, presentes e abertos ao
mundo, recuperar a nossa autonomia política e económica. Recuperar a nossa
liberdade individual e colectiva. Recuperar a nossa cultura, património e a
nossa indústria. Recuperar a nossa sociedade com base na Família, na Vida e no
bem-comum. Recuperar a nossa auto-estima, orgulho e prestígio. Recuperar o
nosso sentimento de pertença, de missão e a nossa espiritualidade. Recuperar
Portugal é este o processo. Um processo libertador o qual, convictamente,
apenas se poderá concretizar pela via da Restauração Monárquica de Portugal.
Procuremos, entretanto, uma moderação
eficaz: sejamos menos violentos e mais interventivos na vida nacional,
dia-a-dia. Menos fúteis e mais exigentes com o Governo, dia-a-dia. Assumamos
que o destino é nosso e não do arco governativo, dia-a-dia. Sejamos uma
sociedade exigente e permanentemente fiscalizadora, dia-a-dia. Para que
Portugal seja nosso…sempre!
Deus nos guarde e a Portugal.
Um Santo Natal em Cristo,
Mário Neves
Causa Real - Real Associação da Beira
Litoral
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