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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

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Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

OS CORTE-REAIS - A NOSSA HISTÓRIA

por Francisco Miguel Nogueira a Quarta-feira, 19 de Outubro de 2011 às 17:40 ·


Corte-Real é o nome de uma família de navegadores portugueses da segunda metade do século XV e dos inícios do século XVI, que muito deram à Coroa e à expansão portuguesa. João Vaz Corte-Real, em 1472, descobriu a Terra Nova, ao lado de Álvaro Martins Homem e, em 1474, é recompensado por D. Afonso V, com a nomeação como capitão-donatário de Angra, onde se instalou. Álvaro Martins Homem, que fora o segundo capitão do donatário da Terceira, entre 1466 e 1474, com a divisão da Ilha, neste ano, passou somente a capitão-donatário da Praia. Três dos 6 filhos Corte-Reais, Gaspar, Miguel e Vasco, nasceram e fizeram-se homens na nossa Ilha e seguiram o rumo dos descobrimentos, como seu pai. Dois deles fazem parte dos anais da História de Portugal.

Os Corte-Reais viveram na “Casa do Capitão”, em Angra, na actual Rua do Marquês. Aí, os filhos de João Corte-Real cresceram com o sentimento de aventura e, em 1500, Gaspar Corte Real partiu, segundo uns de Lisboa, segundo outros da baía de Angra, rumo à Terra Nova, chamada então de “Terras dos Corte-Reais”. No ano seguinte, no Verão, Gaspar partiu numa segunda expedição ao Atlântico Norte, só que não regressou. Seu irmão, Miguel Corte-Real, a 10 de Maio de 1502, partiu em busca do irmão, não voltando mais. Vasco Anes Corte-Real tentou ainda autorização de D. Manuel I para ir procurar os seus irmãos, mas o rei recusou-lhe a licença. O ofício que desempenhava como capitão-donatário em Angra, era demasiado importante, nesta época, para a Coroa portuguesa. Os seus descendentes acabaram por estar presentes na História da Terceira e dos Açores durante gerações, sendo responsáveis pelo povoamento e governo, primeiro de Angra, depois da Terceira e de São Jorge.

Em 1918, a descoberta do Professor americano Edmund Delabarre da data de 1511 e do nome de Miguel Corte-Real, na “Pedra de Dighton”, na foz do rio Taunton, em Berkley, Massachusetts, veio alterar o que se pensava do desaparecimento de Corte-Real. Anos depois, em 1951, José Dâmaso Fragoso encontrou 3 cruzes idênticas às usadas nos descobrimentos portugueses, o que veio cimentar a teoria da presença de Corte-Real na América. Nos anos seguintes, foram feitos vários estudos sobre a veracidade das inscrições, sobre a sua autenticidade e significado. O médico e historiador Manuel Luciano da Silva, actual Director do Museu da Pedra de Dighton, iniciou um longo processo de estudo, análise e divulgação da pedra, conseguindo tirá-la das águas e pô-la no museu, onde hoje pode ser vista. Segundo os vários estudiosos da “Dighton Rock”, esta prova que Miguel Corte-Real chegou à América e que viveu lá, pois vários relatos deste período falam da presença de homens brancos, que chegaram àquelas terras “numa casa de madeira”, ou “num pássaro”, tendo-se estabelecido com os índios. Miguel Corte-Real marcou na rocha o nome, a data e as cruzes da Ordem de Cristo, para que alguém visse que ali tinha estado um português. É pouco provável que tenha encontrado o irmão, pois se assim fosse, teria deixado inscrito este facto na rocha. Se pensarmos na data de 1511, não haveria muitos navegadores capazes de explorar, naquele momento, estes territórios tão bem como Corte-Real, visto a família já ter estado naquelas terras e de ter conhecimentos de náutica capazes de chegar até lá.

A história da Pedra de Dighton, contestada por vários estudiosos, que infelizmente nunca a estudaram in loco, não foi negada até hoje, pois nunca se provou uma nova teoria que refutasse a de Corte-Real. A família Corte-Real, que partiu de Angra, rumo a “outros mundos”, tem sido prestigiada e aclamada na Terra Nova, onde encontramos uma estátua de Gaspar Corte-Real. Já nos EUA, além do Museu da Pedra de Dighton, há pelo menos uma rua e uma ponte sobre o rio Taunton com o nome de Miguel Corte Real. Mas e na nossa Terceira? Apenas encontramos um largo (se é que o podemos chamar assim), algumas ruas e a estátua de João Vaz Corte-Real, no Museu de Angra. Falta um monumento, em Angra do Heroísmo, tão grande e valoroso, como a das aventuras dos manos Corte-Reais. O Dr. Manuel Luciano da Silva, nunca conseguiu que uma réplica da Pedra de Dighton fosse posta na Terceira, apesar de haver 5 réplicas da mesma, espalhadas pelo nosso país, até a Madeira e São Miguel têm uma réplica, menos nós. Nunca houve vontade política e interesse de vários investigadores terceirenses, em visitar e contar a história dos Corte-Reais. Esconder esta história, é ocultar o nosso passado.

A “Casa do Capitão” da família Corte-Real, depois de anos de abandono, hoje em dia é sede do Partido Socialista, na Terceira, mas é triste pensarmos que um tão importante monumento da nossa terra, tenha estado relegado ao esquecimento. E o que dizer do jardim dos Corte-Reais? Em Maio de 2002, Ana Paula Fagundes Alves, numa pequena crónica, critica a destruição e “morte do Jardim dos Corte-Reais”. Com uma vista privilegiada sobre a marina e o Monte Brasil, o jardim dos Corte-Reais, propriedade privada, foi deixado ao abandono e depois à destruição, pois foi decidido a construção de um pequeno centro comercial, onde se deixou pequenos “espaços” de jardim. Manteve-se o nome original, mas “tirou-se” o jardim…Como foi possível isto ter acontecido numa cidade Património Mundial? Provavelmente virá o dia que o reconhecimento dos Corte-Reais será um facto. Esperemos…

Num momento tão crucial da vida do nosso país, é necessário relembrar o nosso passado glorioso e trazer para a memória de todos, os feitos e os protagonistas da nossa História. Celebrar os Corte-Reais, é relembrar o que demos ao mundo e o que ainda podemos dar, mas temos de gostar do que é nosso e preservar a memória e História do nosso povo. Só recentemente, em Setembro de 2011, é que um representante do Governo Regional dos Açores, visitou oficialmente o Museu da Pedra de Dighton, muitos anos depois dos primeiros contactos do Museu, neste sentido. Nenhuma entidade camarária angrense procurou conhecer a pedra, símbolo da presença de um angrense no “Novo Mundo”. Não podemos continuar a esquecer o papel e a história dos Corte-Reais…

Percebemos que, no espaço do actual “jardim” dito dos “Corte-Reais”, houvesse uma réplica da “Pedra de Dighton”, assim que os membros da Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo, possam dar um pouco de atenção ao assunto.

Francisco M. Nogueira

Nota: Agradeço a qualificada documentação disponibilizada pelo Dr. Manuel Luciano da Silva e aconselho a visitarem a sua página: http://www.dightonrock.com


in Jornal A União, 19/10/2011

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