O Chefe
da Casa Real de Bragança acusou ontem o regime republicano de ter
conduzido o país a uma situação de falência e fez saber que espera agora
a criminalização dos políticos responsáveis pela situação económica e
financeira em que Portugal de encontra. Dom Duarte Pio deixou claro que
os republicanos assumiram os destinos do país num momento em que
Portugal era um dos mais ricos da Europa, tendo-o transformado num dos
países mais pobres, 101 anos depois, apesar dos muitos milhões e milhões
de euros que chegaram da União Europeia.
«Em
1910, a república herdou um país rico. Uma centena de anos depois, e
após milhões e milhões de euros que nos foram concedidos pela União
Europeia, conseguiu levar o país à falência», acusou o pretendente
ao trono português, apontando o dedo «à incompetência e à corrupção»
que, no seu entender, tem caracterizado a classe política portuguesa.
O
pretendente ao trono português falava à margem de uma visita que
efectuou à freguesia bracarense de Oliveira S. Pedro, a convite da Junta
de Freguesia local. A deslocação de Dom Duarte motivou a inauguração da
primeira réplica dos Marcos da Casa de Bragança existentes na
localidade e que testemunham as delimitações de senhorio da Casa de
Bragança.
Dinheiro fácil não nos salva
Dom
Duarte Pio foi mais longe nas críticas que dirigiu ao regime
republicano e deixou claro que o país não pode deixar de responsabilizar
os responsáveis pelo descalabro das contas públicas. «Agora, quero ver quem é que vai para a prisão», disse,
sentenciando que «não é preciso ser economista para saber que quando um
país gasta mais do que produz, acaba por ser confrontado com problemas
muito sérios».
Assumindo
que os sacrifícios que estão a ser exigidos aos portugueses «são muito
violentos», o pretendente ao trono português não deixa de atribuir
alguma responsabilidade pela situação às ajudas financeiras que Portugal
tem recebido dos seus parceiros europeus.
«O
dinheiro dos outros nunca foi salvação, porque é sempre muito mal gasto.
O que nos salva é a nossa inteligência e a nossa capacidade de
trabalho», continuou o Duque de Bragança, expressando a expectativa de
que o país «saiba aproveitar as lições da história para voltar a ser
responsável e poder ultrapassar as situações desastrosas a que a
república nos conduziu».
Reconhecendo
que «a crise é muito dura e muito desagradável», o Duque de Bragança
contrapôs que ela é também «uma oportunidade para analisarmos os que
fizemos de errado e mudar o rumo dos acontecimentos».
«Quando
a situação é difícil, é que somos capazes de olhar o futuro e resolver
os nossos problemas», sentenciou Dom Duarte Pio, acrescentando que
«espera que as pessoas mais válidas para ajudar o país a criar riqueza
não sejam obrigadas a emigrar e que aquelas que já emigraram possam
voltar, para ajudar o país a recuperar da crise».
Políticos são problema
O
herdeiro de direito ao trono questionou, a propósito, como pode ser
compreensível que Portugal tenha sido transformado num dos países mais
pobres da Europa, ao mesmo tempo que os portugueses tiveram um papel
determinante na transformação do Luxemburgo no país mais rico da Europa.
Desfazendo a contradição, o chefe da Casa Real sublinhou que «isso
demonstra que o problema não está na falta de capacidade dos portugueses
para gerar riqueza, mas na corrupção e falta de qualidade do regime
político».(...)
Jornal Diário do Minho - 16 de Outubro de 2011
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