Tomar renasceu com a Ordem. Desde a época romana, passando pela
muçulmana, aquele lugar tinha tido uma continuidade de ocupação que
incluía estruturas militares defensivas. Correia de Campos havia já
detectado um troço de muralha datada da época muçulmana no castelo de
Tomar.
Tomar, pela sua importância estratégica, não só para a Ordem do Templo,
como também para a implantação e solidificação de um país, veio a
tornar-se a 2ª província templária do mundo, logo a seguir a Gisors, em
França.
Em Tomar, os cavaleiros templários edificaram um templo
sobre planta circular, envolvendo um santuário octogonal. Essa charola
abobadada era, como alguns templos cristãos do Oriente, inspirada na
Mesquita de Omar, melhor dito, na Cúpula da Roca ou Templo do Senhor, em
Jerusalém, onde a Ordem do Templo foi fundada. A charola é rica em
elementos simbólicos que devem ser tomados em conta pelo estudioso da
matéria. São eles os seguintes:
• À volta da charola abre-se toda urna geografia sagrada com sinais reveladores da mística e dos objectivos templários;
• o alinhamento da charola com um dos ângulos do castelo indica-nos a
estrela Arcturo da constelação do Boieiro, que não é mais do que uma
evidente analogia com o mito do rei Artur e a mítica espada Excalibur;
• A intrigante representação de S. Cristóvão, numa das paredes internas
da charola, com cabeça de cão, à semelhança do deus egípcio Anubis,
divindade de ligação entre duas dimensões, é equivalente ao deus
lusitano Endovélico, Lug e Hermes;
Igualmente encontramos outros sinais simbólicos em outras áreas do castelo de Tomar:
• A presença das fases alquímicas e do mercúrio filosófico;
• O medalhão visível do Hermes Trismegisto que representa o mercúrio filosófico nas suas três fases;
• Uma mão esculpida com um dedo intencionalmente comprido como que a
indicar-nos o caminho. Este sinal encontra-se num dos claustros do
actual convento de Cristo;
• A presença de um desenho que
representa um machado duplo idêntico aos que existiam em Creta, e aos
machadinhos místicos dos Essénios no tempo de Jesus;
• A charola
constituía o centro, a partir do qual partia uma estrada de apoio ao
caminho de Santiago, e outra para sul com o propósito de proteger
militarmente as fundações beneditinas e cistercienses. Uma outra via,
passando por Coimbra e Guarda, dirigia-se para Salamanca e Valladolid;
• Por fim, o enigmático navegador esculpido na famosa janela manuelina.
In Eduardo Amarante, "Templários", Vol. 2
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