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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 20 de julho de 2012

PORTUGAL ESTÁ DE LUTO! FALECEU O PROFESSOR JOSÉ HERMANO SARAIVA! R.I.P. !

José Hermano Saraiva (Leiria, 3 de Outubro de 1919 - Setúbal, 20 de Julho de 2012) foi professor e historiador português. Ocupou o cargo de Ministro da Educação entre 1968 e 1970.

Biografia

Terceiro filho de José Leonardo Venâncio Saraiva e de sua mulher Maria da Ressurreição Baptista, cresceu em Leiria, onde frequentou o Liceu Nacional. Posteriormente ingressou na Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1941, e em Ciências Jurídicas, em 1942. Iniciou a sua vida profissional no ensino liceal, que acumulou com o exercício da advocacia. Desse modo foi professor e, seguidamente, director do Instituto de Assistência aos Menores, reitor do Liceu Nacional D. João de Castro, em Lisboa, e professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (actual ISCSP).

Envolvido na política, durante o Estado Novo, foi deputado à Assembleia Nacional, procurador à Câmara Corporativa e ministro da Educação. Durante o seu ministério, entre 1968 e 1970, enfrentou um dos momentos mais conturbados da oposição ao Salazarismo, com a Crise Académica de 1969. Quando deixou o Governo, substituído por José Veiga Simão, foi exercer o cargo de embaixador de Portugal no Brasil, entre 1972 e 1974.

Com o advento da Democracia, José Hermano Saraiva tornou-se numa figura apreciada em Portugal, bem como junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, pelos seus inúmeros programas televisivos sobre História de Portugal. Por esse mesmo motivo, tornou-se igualmente numa figura polémica, porque a sua visão da História tem sido, por vezes, questionada pelo meio académico.

Voltou a leccionar, como professor convidado na Escola Superior de Polícia (actual Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna) e na Universidade Autónoma de Lisboa.

Pela sua grande capacidade de comunicação, popularizou-se com programas televisivos sobre História e cultura.

É membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Portuguesa da História e da Academia de Marinha, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, no Brasil e Sócio Honorário do Movimento Internacional Lusófono. Recebeu a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública, a grã-cruz da Ordem do Mérito do Trabalho e a comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em Portugal, e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco do Brasil.

Ficou classificado em 26º lugar entre os cem Grandes Portugueses, do concurso da RTP1.

É irmão do professor António José Saraiva e tio do jornalista José António Saraiva. É também sobrinho, pelo lado da mãe, de José Maria Hermano Baptista, militar centenário, (n. 1895 - m. 2002, viveu até aos 107 anos) o último veterano português sobrevivente, que combateu na Primeira Guerra Mundial. Casou com Maria de Lurdes de Bettencourt de Sá Nogueira, sobrinha-bisneta do 1.º Marquês de Sá da Bandeira, de quem tem cinco filhos.

Morreu a 20 de Julho de 2012 aos seus 92 anos, em Setúbal, onde residia.

Distinções especiais

  • Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública
  • Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho
  • Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
  • Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco
  • Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique

Obra


História de Portugal, dirigida por José Hermano Saraiva.
Orações académicas editadas pela Academia das Ciências de Lisboa
  • Testemunho Social e Condenação de Gil Vicente (1976);
  • A Revolução de Fernão Lopes (1977);
  • Elementos para uma nova biografia de Camões (1978);
  • Proposta de uma Cronologia para a lírica de Camões (1981-82):
  • Evocação de António Cândido (1988);
  • No Centenário de Simão Bolívar (1984);
  • A crise geral e a Aljubarrota de Froyssart (1988).
Trabalhos pedagógicos
  • Notas para uma didáctica assistencial (1964);
  • Aos Estudantes (1969);
  • Aspirações e contradições da Pedagogia contemporânea (1970);
  • A Pedagogia do Livro (1972);
  • O Futuro da Pedagogia (1974).
Trabalhos jurídicos
  • O problema do Contrato (1949);
  • A revisão constitucional e a eleição do Chefe do Estado (1959);
  • Non-self-governing territories and The United Nation Charter (1960);
  • Lições de Introdução ao Direito (1962-63);
  • A Crise do Direito (1964);
  • Apostilha Crítica ao Projecto do Código Civil (1966);
  • A Lei e o Direito (1967).
Trabalhos históricos
  • Uma carta do Infante D. Henrique (1948);
  • As razões de um Centenário (1954);
  • História Concisa de Portugal (1978), trad. em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês;
  • História de Portugal, 3 Vols – Direcção e co-autoria (1981);
  • O Tempo e a Alma, 2 Vols (1986);
  • Breve História de Portugal (1996);
  • Portugal – Os Últimos 100 anos (1996);
  • Portugal – a Companion History (1997);
Para uma História do Povo Português
  • Outras maneiras de ver (1979);
  • Vida Ignorada de Camões (1980);
  • Raiz madrugada (1981);
  • Ditos Portugueses dignos de memória (1994);
  • A memória das Cidades (1999).

Programas de televisão

  • Série: O Tempo e a Alma (RTP, 1972)
  • Série: Histórias que o Tempo Apagou (RTP, 1994)
  • Série: Lendas e Narrativas (RTP, 1995)
  • Série: Horizontes da Memória (RTP2, 1996)
  • Série: A Alma e a Gente (RTP2)

"IN MEMORIUM" (V)...PROF. JOSÉ HERMANO SARAIVA!

Quero neste pequeno texto, agradecer ao Prof. José Hermano Saraiva (¹), tudo o que fez ao longo da sua prestigiada carreira, em benefício do nosso estimado País, que na maioria dos casos é esquecido.

O programa “O Tempo e a Alma”, exibido em 1972, foi o maior responsável da minha paixão pela história de Portugal, aprendi a amá-la, obrigou-me a consultar os compêndios e livros mal acabavam os programas, porque queria saber mais, tornou-me curioso e também crítico, mas acima de tudo, tornei-me mais português, tinha então nove anos e lembro-me como se fosse hoje.

O Prof. José Hermano Saraiva (¹), tem a capacidade de explicar o difícil e o controverso, da nossa história, da forma mais simples para que todos nós, portugueses a possam entender. Por este humilde facto, o torna à vista dos mais intelectuais historiadores portugueses, uma figura à parte. Erram! Porque não entendem que é assim que se pode contar as estórias da nossa história, com paixão e sobretudo com grande capacidade de comunicação, e não com cinzentismos e limbos carregados de dúvidas e pressupostos intelectuais, que ninguém entende.

O Prof. José Hermano Saraiva (¹), aproximou a história de Portugal do povo e, demonstrou que esta politica, é um dos caminhos possíveis para Portugal reerguer-se.

Hoje, tem 92 anos de idade e, sabemos que a idade já não perdoa, no entanto, continua a ter a lucidez e motivação para a realização do seu programa televisivo “A Alma e a Gente”, que é transmitido aos sábados, na RTP2.

E era sobre lucidez, que queria, deste modo transcrever “ipsis verbis” parte da entrevista publicada na revista Notícias TV n.º 196 (parte integrante do Diário de Notícias e Jornal de Notícias), passo a citar:

…”
Pergunta:
Portugal atravessa actualmente um período conturbado e de fragilidade ao nível económico e social. A quem atribui a responsabilidade desta crise?
Resposta:
Tão simples! Portugal tinha como principais rendimentos os produtos ultramarinos e as alfândegas e, de uma só vez, acabaram com tudo. Nós não temos produção.

P.:
Que medidas políticas devem, no seu entender, ser tomadas para que o País se distancie desta ruptura sócio-económica?
R.:
Julgo que nenhumas. Portugal não tem hipótese de sobrevivência. Portugal era o principal produtor de café, urânio, de ferro e deixámos de ser tudo isso. Não temos nada. Somos um País mendigo, vivemos de dinheiro emprestado.

P.:
Defende, portanto, a tese de que Portugal não irá reerguer-se?
R.:
Não, não vai, Portugal não vai reerguer-se, não vejo maneira nenhuma de isso acontecer.

                                                                                                                                                                            …”
Na parte fina da entrevista, dirigindo-se ao jornalista, disse:
…”

Tome aí nota:
O mais importante desta entrevista é reforçar a ideia de que a história de Portugal foi uma constante luta entre pequenos e grandes.
…”

Perguntaram-lhe igualmente na entrevista:
…”

E qual o Rei que distingue?
R.:
Escolho D. João I, foi um Rei aclamado pelo povo.
…”

Perante o conteúdo da entrevista, deixo as conclusões para um profunda introspecção de todos nós, concordemos ou não com o Prof. José Hermano Saraiva (¹), mas queria realçar neste seguimento de raciocínio, as declarações do Prof. José Adelino Maltez, na entrevista desenvolvida pelo Correio Real, n.º 5: “…a revolução de 1385 foi um prenúncio da ideia de Nação. E também a Dinastia de Bragança foi fundada em rebeldia, em nome da Nação.

“Para quem não sabe para que porto navega, nenhum vento é favorável” (Séneca).

Queria acabar este texto, sem saber qual a dimensão do agradecimento ao Prof. José Hermano Saraiva (¹), porque não sei onde ele acaba.

Muito obrigado.

(1) É membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Portuguesa de História e da Academia da Marinha, e Membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, no Brasil. Recebeu a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública, a grã-cruz da Ordem de Mérito do Trabalho e a Comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em Portugal, e a grã-cruz da Ordem de Rio Branco do Brasil.

Porto, 27 de Outubro de 2011
José António Peres da Silva Bastos.

Portugal está de luto!

Morreu um Senhor que sabia traduzir em palavras e gestos a alma mater da nacionalidade portuguesa: o Prof. José Hermano Saraiva!

Estive com ele, no Porto, na apresentação de um dos seus últimos livros. Fui dos poucos que consegui falar alguns minutos com o sr. Professor. Não se conseguia aguentar de pé muito tempo, e pediu desculpa por isso, mas fez questão de me cumprimentar de pé, apesar de lhe ter pedido que o não fizesse. Disse-me o prof. «Meu jovem, um Homem, enquanto está vivo, deve cumprimentar toda a gente de pé!» Sábias palavras...

Guardo, na memória, palavras de sabedoria e de amor pela História. Além de muitos incentivos para que me dedicasse a continuar no mundo da investigação contemporânea...

Os meus mais sentidos pêsames à Família!
Portugal e a nossa História ficam mais pobres...

R.I.P.!
 
José Carvalho

PORTUGAL PERDE UM HOMEM INTELIGENTE, UM SÁBIO, UM GRANDE COMUNICADOR... UM TESOURO!


José Hermano Saraiva sem medo da morte.

A última entrevista do historiador à imprensa escrita foi à Notícias TV. Falou de vários temas, entra a dívida que dizia a televisão ter com ele, à crise que Portugal nunca vai sair, da vida e da morte.

Na revista publicada a 14 de Outubro do ano passado, por ocasião dos 92 anos de José Hermano Saraiva, o historiador foi tema de capa da Notícias TV. Sempre igual a si próprio, falou de um pouco de tudo sem preconceitos. Figura incontornável da televisão, o historiador considerava ser o melhor comunicador em Portugal ("Não vejo ninguém a ser capaz de fazer algo em televisão sem a ajuda de um apontamento, um papel ou aguentar-se a falar durante uma hora") e salientou que a televisão estava em dívida para com ele: "É uma vergonha que este programa [O Tempo e a Alma], que é considerado em todo o mundo, esteja em exibição no segundo canal. É uma vergonha!"

Sobre o momento que o País vive, José Hermano Saraiva não tinha dúvidas: "Portugal não vai reerguer-se da crise." Considera que o País abandonou todas as suas virtudes que o tornavam independente economicamente. "Não temos nada. Somos um País de mendigos, vivemos de dinheiro emprestado."

Falou sobre a sua vida, contando que o momento mais difícil foi quando exerceu as funções de advogado. Mas também falou da morte. Realçou que não queria viver até aos 100 anos ("Nesta altura, as condições de vida que eu tenho já não são agradáveis. E quando se tem 100 anos começamos a ser uma espécie de curiosidade porco-espinho") e que estava zangado com o seu corpo, confessando que desde a operação aos intestinos, em 1988, o tempo custava mais a passar. Mas considerava-se uma pessoa feliz porque a quebra era só física.

A morte não o assustava: "Penso que a morte não será muito desagradável, a não ser que se sintam dores. A pessoa deixou de sentir e, serenamente, entra no vago. De um modo geral, não tenho medo da morte." Nunca deixou de trabalhar e reformar-se não estava nos seus planos: "A minha reforma será o dia em que vier publicado o meu retrato com uma cruz no jornal."

Elisabete Silva 
Diário de Notícias, 20 de Julho de 2012

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