O
Senhor Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa, protagonizou, o ponto
mais alto das comemorações do dia 10 de Junho de 2012, data oficial da
República Portuguesa, para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas, ao imprimir no seu discurso uma noção de
realidade e de contínuas interrogações sobre o destino que queremos
abraçar no futuro.
Sem dúvida um grande discurso, que subscrevo na
totalidade, pois teve a sincera novidade de se afastar da linguagem
política, redonda e que pouco diz. Este discurso, focou as atitudes
viciadas que estão no "sangue" (porque ADN é muito recente) das classes
dirigentes que não souberam...não sabem...e possivelmente não saberão
aproveitar o "melhor" que temos em Portugal.
Apesar de falarmos do
"Mar" como bem necessário e que urge de imediato aproveitar, retomando a
nossa "veia" aventureira, é também necessário voltarmos para "nós" - o
"eu" colectivo, como forma de introspecção e de análise cognitiva - só
podemos avançar com sagacidade para o "novo desconhecido", se
efectivamente conhecermos o "nós", e o que pretendemos para o nosso
futuro soberano - porque, conforme tenho afirmado, também se trata de
soberania.
Aqui, neste particular e importante pormenor,
acrescento, de igual, um trecho do discurso de S/Ex.ª o Presidente da
República, nas mesmas comemorações, ao lembrar as "actas" exaradas
aquando da nossa Presidência das Comunidades Europeias - criar um
Mercado Comum na sua plenitude, fiscal, económico, etc, e depois uma
moeda, o Euro - pois bem, criou-se o Euro, por antecipação, como moeda
europeia, não não criámos a "Europa", onde assentaria a moeda, pois tivemos que custear a reintegração alemã.
A Portugal, caberá
apresentar novos horizontes de investimentos e que estiveram sempre à
nossa frente, e o maior de todos é o investimento nos portugueses, e no
seu património cultural.
Talvez o maior "espelho" de Portugal e da
sua mais recente epopeia europeia, se possa resumir, no simbolismo
igualmente trágico-cómico, do Palácio Nacional da Ajuda, soberbo na sua
frontaria (enganadora), mas inacabado - por realizar, faltando-lhe
completar o resto...
Onde se situa o Ministério da Cultura (actual
Secretaria de Estado), encontra-se um dos pilares do nosso futuro, como
investimento, a Cultura.
O próprio remate da Ala Poente do Palácio
da Ajuda, que foi anunciado pela anterior Ministra da Cultura, em Dia
Internacional dos Museus, e que estaria orçamentado em 11 milhões de
euros, na lógica actual de "aperto" financeiro incluiria 4,5 milhões de
euros de CREN e 4,5 milhões de euros resultantes da verba indemnizatória
provocada pelo roubo da Jóias da Coroa, na Holanda, faltando, deste
modo 2 milhões de euros - esta notícia foi anunciada em 2010.
Em
face das dificuldades acrescidas da intervenção da "Troika" em Portugal,
por consequência a um pedido de resgate, caberá perguntar, onde estão
actualmente os 4,5 milhões de euros da indemnização do roubo das Jóias
da Coroa? Estarão em algum depósito a prazo, no intuito de aguardarmos
pelo projecto de conclusão do Palácio da Ajuda?
A aposta séria na
"cultura" é um dos caminhos que poderá assegurar a Portugal uma saída
consistente, de médio e longo prazo, bem distante da brevidade do lucro
fácil que tanto nos caracteriza, e de que nos temos obrigatoriamente que
distanciar.
Sem querer criar nenhum paralelismo entre o mito
sebastiânico e um Quinto Império, prometido - não físico, mas
espiritual, talvez o destino da conclusão do Palácio da Ajuda, esteja
intimamente ligado à nossa demanda de nos concluirmos, como Portugal
sonhado.
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