♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 19 de maio de 2012

REAL IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE E DE SÃO SEBASTIÃO


É uma Irmandade com mais de 500 anos de história, que quer continuar a promover o culto à Virgem Santíssima. A Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião está situada na Mouraria, em Lisboa, e quer angariar mais irmãos para manter vivo este culto.
 
Promover o culto à Virgem Santíssima! Esta é a essência da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião, que no passado fim-de-semana organizou as tradicionais festividades em louvor de Nossa Senhora da Saúde, que decorreram na cidade de Lisboa. “Somos uma associação de fiéis, que tem como obrigação e responsabilidade primária o culto à Virgem Santíssima, através de Nossa Senhora da Saúde e do mártir São Sebastião. Esta é a essência da Irmandade e a maior parte das acções que desenvolvemos têm como finalidade conseguir este desiderato”, salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE o provedor da Irmandade, tenente-general António Marques Abrantes dos Santos.

Provedor da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião desde Março de 2007, foi em 1962 que o então jovem militar Abrantes dos Santos contactou pela primeira vez com esta associação de fiéis. “Sou artilheiro [militar que serve na artilharia] e, de alguma forma, todos os artilheiros estão ligados a esta Irmandade. Na nossa vida militar, na Academia Militar, automaticamente somos logo inscritos como irmãos! Originalmente, foram os artilheiros da Corte que fundaram a Irmandade de São Sebastião, uma vez que só uns anos mais tarde é que esta se juntou com a então chamada Associação de Nossa Senhora da Saúde”.

A verdade é que essa inscrição como irmão não garante desde logo uma ligação com a Irmandade. Os laços do militar Abrantes do Santos com a Real Irmandade seriam estreitados já neste novo milénio. “Em 1962, fiquei irmão mas nunca mais liguei à Irmandade. Os laços só se estreitaram mais tarde, era eu general e era também director honorário da Arma de Artilharia. Foi nesta qualidade, como representante de todos os artilheiros, que em 2006 participei na Missa de São Sebastião, a 20 de Janeiro, e na Missa de Santa Bárbara, em 4 de Dezembro. Recordo-me que o provedor de então ficou surpreendido com a minha vocação religiosa e com a minha ligação à Igreja!”. Foi, por isso, com naturalidade que surgiu o convite para o tenente-general António Marques Abrantes dos Santos se tornar provedor da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião, cargo que desempenha há mais de cinco anos.
 
Celebrações e caridade

Esta é uma Irmandade cheia de história. Foi fundada em 1505 e conta já com 507 anos de vida! Ao longo do ano, são diversas as actividades e celebrações que a Irmandade organiza, além das tradicionais festividades em louvor de Nossa Senhora da Saúde. “Temos Missas obrigatórias em determinadas datas, especialmente Missas em louvor de Santo António, por ser padroeiro de Lisboa, mas também São Sebastião, Santa Bárbara e Senhora da Saúde”.

A vocação da Irmandade passa ainda pelo cuidado do outro. “Desde cedo que a Irmandade tem outra atribuição e que, nos dias de hoje, cada vez mais se impõe: a acção sócio-caritativa. Já tivemos o Lar de Cegos de Nossa Senhora da Saúde, fundado em 1896, mas actualmente distribuímos os bens do Banco Alimentar Contra a Fome. Nas terceiras terças-feiras de cada mês fazemos a distribuição às pessoas mais carenciadas da zona da Mouraria, com os géneros do Banco Alimentar e também com outros que adquirimos com os nossos recursos”, conta o provedor da Irmandade, salientando que “em épocas especiais, como o Natal e a Páscoa, esta ajuda é reforçada com a entrega de cabazes”.
 
Angariar irmãos para manter o culto

Neste seu 2º mandato como provedor, o general Abrantes dos Santos tem tido também uma preocupação em especial: a angariação de novos membros para a Irmandade. “Na Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião temos procurado angariar mais irmãos para a Irmandade, de forma a permitir que a Irmandade não acabe! Porque, sem haver irmãos não há Irmandade, e sem haver Irmandade não há culto à Virgem Santíssima”.

Antigamente, apenas eram admitidos homens nesta Real Irmandade. Hoje, essa é uma realidade ultrapassada e qualquer pessoa pode aderir. Contudo, há uma condição que se mantém. “Neste momento, somos cerca de 500 irmãos! Admitimos pessoas de todos os sexos e, curiosamente, temos praticamente o mesmo número de senhoras e de homens. O único requisito para pertencer à Irmandade é ser baptizado e católico praticante”, assegura o provedor.
 
O desejo de um novo espaço

A Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião tem sede na Capela de Nossa Senhora da Saúde, no Martim Moniz, um templo do século XVI que, em termos de espaço, já não responde a todas as necessidades da Irmandade. “Não temos nenhum outro sítio além da igreja… estamos ‘fartos’ de pedir à Câmara e à Junta, que têm por aí tantas casas. O nosso único pedido é que seja um espaço na área da capela, no Martim Moniz, e ao nível do rés-do-chão, porque muitas das pessoas que vêm buscar ajuda são idosas”, sublinha o general Abrantes dos Santos.

Situada na área geográfica da paróquia de Santa Justa e Santa Rufina, a Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião conta com um capelão, o padre Vítor Gonçalves, pároco da igreja de São Domingos, na Baixa. “O pároco de Santa Justa e Santa Rufina é sempre o capelão da Irmandade e reitor da igreja da Senhora da Saúde”, refere o provedor.
 
A maior procissão da cidade de Lisboa

As festividades em louvor de Nossa Senhora da Saúde, organizadas anualmente neste mês de Maio, ficam sempre marcadas pela procissão que percorre as ruas da cidade de Lisboa. Começando e terminando no Martim Moniz, este acto de fé decorreu este ano no passado Domingo, dia 6 de Maio, e juntou entre 15 a 20 mil pessoas. “Eu considero a procissão de Nossa Senhora da Saúde a maior procissão da cidade de Lisboa! É gratificante ver tanta gente com fé”, garante o general Abrantes dos Santos. A adesão popular à procissão é também uma recompensa por todo o trabalho organizativo.

“Estas festas têm uma envergadura enorme! Pouca gente sabe que o planeamento e preparação demoram um ano! As festividades decorrem em Maio e logo após as férias, a partir do início de Setembro, começamos a fazer as primeiras diligências com vista ao ano seguinte! E de facto, o que compensa o nosso esforço é a resposta da população”, assegura o provedor da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião.
_____________________

Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião

Durante o século XVI foi Portugal flagelado pela peste por várias vezes, sendo tão mortífera que, segundo os cronistas da época, ficou o reino em grande parte despovoado. Numa dessas epidemias, logo no princípio do século, a classe militar foi particularmente atingida, pelo que os artilheiros, «vendo sobre si tão temeroso inimigo», invocaram o auxílio do glorioso Mártir São Sebastião, que foi soldado romano, com uma vida guerreira e heróica, e tido como advogado contra a peste, a fome e a guerra.
 
A Irmandade de São Sebastião

Os artilheiros da Corte, instalados no Castelo de São Jorge, em agradecimento por tão grande favor de Deus, obtido pela intercessão daquele santo mártir, construíram nesse tempo a devota Irmandade de São Sebastião e edificaram, segundo alguns cronistas, a actual ermida, junto do postigo da Mouraria, fora da cerca que circundava então a cidade, onde colocaram a imagem do santo. Segundo outros historiadores, teria a capela sido edificada no ano de 1505 e doada aos artilheiros para culto de São Sebastião. O certo é que esse culto foi sustentado durante algumas dezenas de anos apenas pelos artilheiros, que para esse efeito sofriam nos seus vencimentos descontos obrigatórios, mesmo os que embarcavam para serviço na Índia.
 
A Irmandade de Nossa Senhora da Saúde

Mais tarde, em 1569, a «peste grande» deu a morte, só em Lisboa, a 50 ou 60 mil pessoas, numa população de 120 mil almas, chegando a haver por dia mais de 600 enterros. A epidemia surgiu de súbito em Maio daquele ano, com uma virulência nunca vista, dizimando pobres e ricos. Escasseavam braços válidos para sepultar os mortos, sendo necessário libertar os presos para se empregarem no exercício dessa obra de misericórdia.

Foi nesse regime de terror que o povo e a nobreza de Lisboa invocaram em seu auxílio a Mãe do Céu, e como fossem atendidos, para Lhe mostrarem a sua gratidão por tão grande mercê, mandaram fazer uma imagem da Virgem, que foi benzida com o apropriado título de Nossa Senhora da Saúde, expondo-a à veneração pública na ermida do Colégio de Jesus dos Meninos Órfãos, onde se conservou e donde saiu sempre em procissão, com a respectiva Irmandade, até ao ano de 1662, recolhendo nessa data, depois do acto festivo, por acordo com os artilheiros, à sua capela actual.

As duas Irmandades reuniram-se então numa única, com o título de Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião, tendo os monarcas como seus protectores perpétuos.


Sem comentários:

Enviar um comentário