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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 10 de abril de 2012

A QUESTÃO SEFARDITA EM ALCÁCER-QUIBIR.

Por Rainer Daehnhardt

A nossa admiração ao descobrirmos ter havido muitos milhares de luteranos a combater por D. Sebastião em Alcácer-Quibir, aumenta quando se descobre ter havido intervenção sefardita.


O principal método no controlo do ensino da História, considerado conveniente, é o da omissão. Simplesmente não nos contam dados interessantíssimos e, assim, por ausência de conhecimento, somos levados a conclusões, que, nem sempre correspondem à verdade histórica.


Não se deve ver uma questão apenas por um ângulo. Devemo-nos aproximar por diversos caminhos e ouvir todos os depoimentos.


Desde longa data, verifica-se um distanciamento entre os dicionários das línguas românicas e os das de outras origens. A censura acerca do que deve ser retransmitido e do que é para esquecer, continua bem viva.


 Porque nunca nos falaram sobre a intenção de D. Sebastião em povoar as suas novas conquistas com combatentes fronteiriços, que, por esta razão, levaram consigo as suas famílias? A resposta é muito simples: eram cristãos não submissos a Roma!


Foram 23 as urcas que largaram dos portos do Mar do Norte, para levar candidatos a casais fronteiriços ao Algarve-Além-Mar. Desembarcaram-nos em Ceuta e regressaram ao Norte. Não tinham de ficar à espera porque não estava previsto trazerem estes mercenários/colonos de volta.


Hoje usa-se o termo de “mercenário”, de forma desprestigiante. Porém quem se quiser integrar na forma de pensar quinhentista, necessita saber que milhares de portugueses foram mercenários sob ordens de outros monarcas e outras crenças, nos séculos XVI e XVII, o que também raras vezes nos é revelado.


 Aos nórdicos que vieram para a campanha africana de D. Sebastião para Portugal, chamávamos “lansquenetes”, uma latinização da palavra alemã “Landsknecht”. Ora, “Land” significa país e “ Knecht” significa “servo” ou “estar ao serviço de”. Assim, os lansquenetes estavam ao serviço de Portugal.


Já em 1511, na tomada de Malaca, ouviram-se os gritos “ POR SANTIAGO” e “POR SÃO BARTOLOMEU”, pelas ruas da capital deste reino muçulmano, no Extremo Oriente. Afonso de Albuquerque conquistou esta praça, com mil homens, dos quais 200 eram malabares, tendo os restantes vindo do Reino. Calcula-se que estes 800, se subdividiam em 500 lusos e 300 alemães, da irmandade de São Bartolomeu dos Artilheiros Alemães de Lisboa. Muitos dos seus filhos ou netos sucumbiram em Alcácer-Quibir.


Ora quando se estuda acerca desta cidade marroquina, em dicionários nórdicos, descobrem-se pormenores pequenos, que, somados, dão que pensar. Tratou-se, no século XVI, de uma das cidades norte-africanas, com maior número de população sefardita. Cidade cruzada por diversas rotas comerciais, teve o seu apogeu enquanto ali viveu quem tratava destes negócios. A perca de importância de Alcácer-Quibir, dos seus muros e palácios, começou com a saída de uma parte substancial dos seus negociantes sefarditas.


Será que estes estavam a negociar a sua sobrevivência, com D. Sebastião, caso este se apoderasse da praça?


Levanto aqui a questão, nunca assim colocada e tenho razões para isso. A expulsão dos hebreus, ordenada pelos Reis Católicos, em 1492, levou a que durante um curto período de tempo, grande parte deles, se tenha refugiado em Portugal. Por não terem cumprido o que estava concordado (o número limite de entradas em Portugal, pois D. Manuel I ordenou que se contassem os hebreus vindos de Espanha), o monarca luso ordenou a sua expulsão do Reino, em 1496. Parte deles, foram para os Países-Baixos, outros para o Norte de África, radicando-se muitos em Rabat, Tanger e Alcácer-Quibir. Apenas a partir do reinado de D. Sebastião, voltaram a ver-se hebreus em Portugal sendo obrigados a usar um carapuço que os distinguisse do resto da população.


A fama das forças armadas portuguesas, consideradas invencíveis, acompanhou-os por toda parte e quando se aproximaram de Alcácer-Quibir, foi mais do que natural receberem uma delegação dos sefarditas aí radicados, falando ainda português ou castelhano. Vasco da Gama não encontrou comerciantes sefarditas, seus conhecidos de Ceuta, em Calecut, mal desembarcou na Índia?


Os símbolos mais utilizados em Marrocos são, para além da meia-lua islâmica, tanto o Pentagrama como o Hexagrama, entre nós chamado, Estrela de David. É curioso saber-se que a primeira vez que se usou ostensivamente a Estrela de David amarela, para distinguir os hebreus do resto das populações, foi na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), onde sucumbiu metade da população da Europa Central. O Conselho dos Anciões de Praga (hebreu), tinha decidido pagar grandes quantias a ambos os exércitos beligerantes (um protestante e outro católico), pedindo a sua intocabilidade, que foi respeitada.


Entre nós, existe uma grande lacuna de conhecimento acerca do último monarca da Casa de Aviz, que tentou manter Portugal em mãos de portugueses, D. António I, o Prior do Crato.


Este tio de D. Sebastião, esteve com o sobrinho na batalha de Alcácer-Quibir. Uma vez que a batalha estava perdida, tirou as suas vestes de nobre (era eventual herdeiro do trono), vestiu roupa de encarregado das bagagens e acabou por ser preso, para ser vendido como escravo ou pedido de resgate. Quem o reconheceu e adquiriu foi um comerciante hebreu de Tanger, que era seu conhecido (há quem diga seu amigo). Libertou-o e tratou do seu regresso ao Reino.


É óbvio que uma delegação de sefarditas de Alcácer-Quibir, não iria ser imediatamente recebida pelo Rei. Mas é muito provável que seja verdade o que depois constou na Holanda (país de exílio do Prior do Crato e onde bateu moeda), que D. António recebeu esta delegação. D. António, era filho do Infante D. Luís (que esteve com Carlos V na tomada de Tunes) e da “Pelicana”, então considerada a mais bela mulher de Lisboa (acerca da qual corriam rumores de ser descendente de Cristãos-Novos).


À volta de D. Sebastião existe um grande número de factos escondidos, que dão que pensar. Uma certeza aqui, mas omitida, uma incerteza ou dúvida, que necessita de esclarecimento, acolá,… tudo envolto em nevoeiro!

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