Os motivos que serviram para despedir a Monarquia em 1910, vão servir para regenerar esta República?
Ao contrário do que diz o preconceito da ignorância existente por cá,
com os seus complexos de inferioridade que levam a desprezar quem tem
elevação de espírito, como o monarca deve ter, devemos recordar que o
nosso Rei D. Carlos não era um estadista anti-republicano,
independentemente do que pudesse pensar. Tanto que o Partido Republicano
existia e concorria a eleições, ganhando, por exemplo, deputados no
Parlamento e a Câmara Municipal de Lisboa.
O grande Ramalho Ortigão, que a nossa intelectualidade menorizou
talvez por ser mais directo na opinião do que o Eça, escreveu sobre o
progresso da decadência no tempo do Rei D. Carlos I, referindo ‘a
decomposição da sociedade, contaminda lentamente pela corrupção
política’. Escreveu ele que existiam, na altura como agora, ‘a
indisciplina geral, o progressivo rebaixamento dos carácteres, a
desqualificação do mérito, o descomedimento das ambições, o espírito da
insubordinação, a decadência mental da imprensa, a opinião temerosa e
cobarde, o rareamento de pessoas exemplares, o abastardamento das
letras, a anarquia da arte, o desgosto do trabalho, a irreligião e, por
fim, a pavorosa inconsciência do Povo.’
Temos monarquias na Europa mais republicanas que a nossa República. É
um erro pensar que, em Portugal, o Rei não é republicano. Basta ler o
séc. XIX da História de Portugal. Ser Rei não é fácil pela
responsabilidade, pelos amigos e pelos inimigos que cria, mas é uma
forma de ter um Chefe de Estado independente das organizações
politico-partidárias. Sabendo que o Poder Executivo deve sair sempre de
eleições livres, e não de um monarca, no entanto a sua opinião deve
estar sempre no coração do debate Político, tendo em conta que o dever
do Rei é lutar até morrer pelo seu país, e a sua visão deve ser neutra e
informada.
Esta meditação vem a propósito de estarmos na Páscoa e a Casa Real
portuguesa estar ligada a Nossa Senhora, mãe de Jesus, ela sim coroada
Rainha do Céu e da Terra, num país que dificilmente vê a descida do
Espírito Santo, para que as pessoas se movam mais por esse Espírito, se
animem pela Sua Força e sejam iluminados pela Sua Sabedoria.
O que me lembra a tortuosa junção de bens da Casa de Bragança numa
Fundação, feita pelo regime de Salazar e prolongada até hoje, quando até
a maioria das Herdades tomadas pela Reforma Agrária já foram
restituídas. Escreverei sobre a Matéria noutra oportunidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário