Timor Lorosae é credor de
Portugal em, sem dúvida alguma, uns largos milhares de vidas dos seus
cidadãos, perdidas em guerra civil ou na sequência da invasão da
Indonésia. Porque, tal como nas mais províncias ultramarinas, os nossos
governantes abrilinos nenhum escrúpulo tiveram em passar o testemunho a
movimentos de inspiração (e prática) comunista. No caso timorense, a
FRETILIN. O resto é demasiadamente sabido para que necessário se torne
adiantar mais pormenores. Foi assim, ante a distracção de Lisboa e a
ignorância do País em geral. E entre as raras vozes que levantaram o seu
protesto, à frente delas todas, esteve a do Senhor D. Duarte, Duque de
Bragança, o actual Chefe da Casa Real portuguesa.
Apenas
o maçador massacre do cemitério de Santa Cruz obrigou - pois que
remédio! - as entidades oficiais a tomarem as "devidas" posições,
obviamente de natureza diplomática. Felizmente para Timor, a Austrália
está perto e não alinha em indecências...
Os
anos passaram. E os poderes públicos timorenses vieram finalmente
reconhecer quem, desde os "acampamentos" de refugiados no Vale do Jamor,
sempre estivera do seu lado. Discretamente, desinteressadamente,
empenhadamente.
De modo que, na
pessoa do seu representante, a nossa Casa Real é hoje cidadã de Timor.
Um ínfimo País? Perguntem a Soares ou a Sampaio se não gostariam de
receber honra idêntica de S. Tomé e Príncipe.
Quanta
verborreia, que imensa comitiva Pacífico fora, se Ramos Horta se
lembrasse de colocar ao peito de algum dos nossos Presidentes a Ordem de
Mérito de Timor-Leste, atribuindo-lhe, concomitantemente, a
nacionalidade deste País. Mas não, a mercê recaiu sobre SAR o Senhor D.
Duarte. Uns malandros estes timorenses!
E
uma demonstração evidente de que a Coroa portuguesa não perdeu
prestígio junto dos Estados lusófonos, tal como entre a maioria dos
nacionais.
João Afonso Machado
Fonte: Corta-fitas
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