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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O DESACORDO ORTOGRÁFICO VISTO POR ANGOLA E MACAU

Editorial do Jornal de Angola:

«Os ministros da CPLP estiveram reunidos em Lisboa, na nova sede da organização, e em cima da mesa esteve de novo a questão do Acordo Ortográfico que Angola e Moçambique ainda não ratificaram. Peritos dos Estados membros vão continuar a discussão do tema na próxima reunião de Luanda. A Língua Portuguesa é património de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante.
Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às “leis do mercado”. Os afectos não são transaccionáveis. E a língua que veicula esses afectos, muito menos. Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.
Pedro Paixão Franco, José de Fontes Pereira, Silvério Ferreira e outros intelectuais angolenses da última metade do Século XIX também juraram amor eterno à Língua Portuguesa e trataram-na em conformidade com esse sentimento nos seus textos. Os intelectuais que se seguiram, sobretudo os que lançaram o grito “Vamos Descobrir Angola”, deram-lhe uma roupagem belíssima, um ritmo singular, uma dimensão única. Eles promoveram a cultura angolana como ninguém. E o veículo utilizado foi o português. Queremos continuar esse percurso e desejamos que os outros falantes da Língua Portuguesa respeitem as nossas especificidades. Escrevemos à nossa maneira, falamos com o nosso sotaque, desintegramos as regras à medida das nossas vivências, introduzimos no discurso as palavras que bebemos no leite das nossas Línguas Nacionais. Sabemos que somos falantes de uma língua que tem o Latim como matriz. Mas mesmo na origem existiu a via erudita e a via popular. Do “português tabeliónico” aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas. Intelectuais de todas as épocas cuidaram dela com o mesmo desvelo que se tratam as preciosidades.
Queremos a Língua Portuguesa que brota da gramática e da sua matriz latina. Os jornalistas da Imprensa conhecem melhor do que ninguém esta realidade: quem fala, não pensa na gramática nem quer saber de regras ou de matrizes. Quem fala quer ser compreendido. Por isso, quando fazemos uma entrevista, por razões éticas mas também técnicas, somos obrigados a fazer a conversão, o câmbio, da linguagem coloquial para a linguagem jornalística escrita. É certo que muitos se esquecem deste aspecto, mas fazem mal. Numa entrevista até é preciso levar aos destinatários particularidades da linguagem gestual do entrevistado.
Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado. Mas se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios. E também não podemos demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português.
Neste aspecto, como em tudo na vida, os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos. Nunca descer ao seu nível. Porque é batota! Na verdade nunca estarão a esse nível e vão sempre aproveitar-se social e economicamente por saberem mais. O Prémio Nobel da Literatura, Dário Fo, tem um texto fabuloso sobre este tema e que representou com a sua trupe em fábricas, escolas, ruas e praças. O que ele defende é muito simples: o patrão é patrão porque sabe mais palavras do que o operário!
Os falantes da Língua Portuguesa que sabem menos, têm de ser ajudados a saber mais. E quando souberem o suficiente vão escrever correctamente em português. Falar é outra coisa. O português falado em Angola tem características específicas e varia de província para província. Tem uma beleza única e uma riqueza inestimável para os angolanos mas também para todos os falantes. Tal como o português que é falado no Alentejo, em Salvador da Baía ou em Inhambane tem características únicas. Todos devemos preservar essas diferenças e dá-las a conhecer no espaço da CPLP. A escrita é “contaminada” pela linguagem coloquial, mas as regras gramaticais, não. Se o étimo latino impõe uma grafia, não é aceitável que através de um qualquer acordo ela seja simplesmente ignorada. Nada o justifica. Se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes do mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras.»
 

«Os responsáveis pela implementação do malfadado Acordo Ortográfico não sabem escrever. Pelos menos a nós não escrevem. Oficialmente, este jornal não faz a mínima ideia de que está a ser implementado um novo Acordo Ortográfico em Portugal, cuja ambição é atingir toda a escrita em Português no mundo. Apesar de sermos, juntamente com os outros jornais, os grandes garantes da língua e a utilizemos aqui na China diariamente e para o público, devem entender as sumidades que não nos vale a pena dar cavaco. E ainda bem: fiquem com eles: o Cavaco e o Acordo. Pois é: não me lembro de nos ter sido endereçada uma carta, uma comunicação oficial, um convite, uma mínima consideração, da parte dos tais promotores do documento.
Este facto – a má educação académica – não é novo. O que se passa é que os génios que elaboraram a asneira devem julgar-se protegidos nas suas torres de euros e marfim, demasiado cheios de si para dar importância aos verdadeiros operários da língua, aos que a mantêm viva todos os dias, muitas vezes contra tudo, contra todos e apesar de vocês.
O Acordo Ortográfico e as alterações nas denominações gramaticais devem ter sido causados pelo excesso de divórcios entre essa gente. Nada para fazer, tédio redondo, narcisismo destroçado, logo: vamos lá destruir a nossa língua, quiçá ficar na História (risos alarves).
Por outro lado, as mesmas bestas também, ao que sei, nada comunicaram ao governo de Macau, o que é profundamente estúpido porque uma das línguas oficiais da RAEM é o Português. Claro que os animais não compreendem a importância deste facto. Normal. Mas já conhecem Macau para cá vir conferenciar (leia-se passear) sobre aqueles temas que nem desencantados na cabeça dos tinhosos. Não vou fulanizar porque o que de facto dá vontade é de os saltear em óleo Fula. Não pode um honesto emigrante sair do seu país descansado que aparecem uns energúmenos a modificar-lhe a escrita. E agora a nomenclatura da gramática.
Ora este desprezo a que Macau foi votado é muito bom. Porque significa que continuaremos a escrever em bom português, ao contrário da ridicularia que por aí vai, a maior parte das vezes sem pés para andar e muito pouca cabeça.
Que o Acordo seja aplicado em Portugal. Afinal, o país já está de tal maneira de rastos que, mais disparate menos disparate, não há-de ter relevante importância.
Nós por cá todos bem.»

publicado por Samuel de Paiva Pires em Estado Sentido

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