Não tenho por hábito ser rude nos textos que escrevo, muito menos em resposta a colegas de blog.
Mas de facto, o texto do Ricardo Vicente sobre os monárquicos,
demonstra apenas uma visível e notória ignorância, como também uma clara
falta de educação e de respeito pela diversidade de opiniões políticas –
característica esta muito própria dos republicanos, que lembro:
instauraram o seu regime através do homicídio de dois seres humanos e de
uma revolução, que até hoje não entregou ao povo português a
possibilidade de através do seu voto manifestar a sua vontade sobre a
chefia de regime. Lembro, nunca nenhum republicano poderá argumentar que
o “voto popular” é uma vantagem do regime republicano, enquanto não for
atribuído ao povo português o direito de escolher e votar em Liberdade.
Até isto acontecer, a “eleição do chefe de estado pelo voto universal”
não passará de uma farsa.
Mas as mentiras continuam. Primeiro, o Ricardo fala do nosso índice
de desenvolvimento enquanto país, esquecendo-se que os países mais
desenvolvidos do mundo são na verdade monarquias. Se não acredita,
convido-o a conhecer o Índice de Desenvolvimento Humano de 2011 e
a perceber que o Reino da Noruega é o 1º classificado no ranking, a que
se seguem Austrália (monarquia) e Holanda (monarquia), no top 10
constam no total 7 monarquias constitucionais. Se o Ricardo se der ao
trabalho de ler o documento com atenção, vai ainda verificar que a nossa
república do 5 de Outubro (a que este governo felizmente vai pôr fim
enquanto feriado), encontrasse em 41º lugar, atrás de países tão
desenvolvidos como a Eslovénia, Chipre, Estónia e Eslováquia.
Se o Ricardo fosse menos preconceituoso, talvez constatasse
facilmente que os países onde a chefia de estado é independente do poder
político e económico (monarquias) são mais estáveis, o que favorece o
nível de desenvolvimento económico e humano dos mesmos. Acha que isto é
uma questão de poesia? Não me parece caro Ricardo.
No texto do Ricardo, gostei também do novo argumento de que um regime
republicano é uma questão de “direitos humanos”. Em primeiro lugar
acho-o básico e em segundo pouco sério. Quer o Ricardo dizer-me que as
monarquias de Espanha, Reino Unido, Suécia, Noruega, Holanda e Bélgica,
desrespeitam os direito humanos? Isto é mesmo para acreditar ou apenas
saiu-lhe e devemos classificar como uma baboseira republicana inspirada
por um anti-realismo primário?
As falácias tomam uma proporção ainda maior quando o Ricardo fala dos
títulos nobiliárquicos. Em primeiro lugar, diga-me lá em que sítio
ouviu ou leu alguma organização monárquica preocupada com esse assunto?
Depois, diga-me mais uma coisa, nas actuais monarquias constitucionais
europeias que direitos é que têm os “nobres”? E por fim, explique-me lá o
que é que são os comendadores da república. Ordenados pelo presidente
todos os anos, em Junho, ao ritmo das largas dezenas – em cerimónia
digna de uma investidura real. Não serão os comendadores titulares de
títulos nobiliárquicos da república? Desculpe a redundância.
Por fim Ricardo, perceba de uma vez por todas que a monarquia não é
um poema e muito menos um ideal de toureiros e jogadores de rugby. A
monarquia sempre se legitimou em Portugal e nas restantes democracias
europeias, através da profunda ligação do monarca ao seu povo. Acontece
que em Portugal a República negou e ainda nega a hipótese do povo se
manifestar livremente na escolha do regime. Por fim, em verdade lhe
digo, os nobres têm o rei na cabeça, os republicanos têm o rei na
barriga, mas o povo trá-lo no coração. Assim não fosse e não haveria
tanto medo de fazer um referendo.
João Gomes de Almeida
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