A fragata “D. Fernando II
e Glória”, o último grande navio à vela da Marinha Portuguesa e também
a última “Nau” a fazer a chamada “Carreira da Índia” – verdadeira linha
militar regular que desde o Séc. XVI e durante mais de três séculos
fez a ligação entre Portugal e aquela antiga colónia Portuguesa – foi o
último grande navio que os estaleiros do Antigo Arsenal Real da
Marinha de Damão construíram para a Marinha Portuguesa.
A
Fragata recebeu o nome em homenagem ao Casal Real Português, o
rei-consorte D. Fernando II e a Rainha D. Maria II, cujo nome próprio
era Maria da Glória. O "Glória" do seu nome também se referia à sua
santa protectora, Nossa Senhora da Glória, de especial devoção entre os
Goeses.
O
casco foi construído com madeira de teca proveniente de Nagar-Aveli
pelo mouro Yadó Semogi e vários operários indianos e portugueses, tendo
sido responsável pela supervisão do engenheiro construtor naval Gil
José da Conceição. Após o lançamento ao mar, em 22 de Outubro de 1843, o
navio foi rebocado para Goa onde foi aparelhado.
A
sua construção importou em 100.630 mil réis. O navio estava armado com
50 bocas-de-fogo, com 28 na bateria e 22 no convés. O navio apresentou
diversas configurações estando preparado para ter uma guarnição até
379 homens.
A sua viagem inaugural, de Goa a Lisboa, decorreu entre 2 de Fevereiro e 4 de Julho de 1845.
Durante
os 33 anos que navegou percorreu cerca de 100.000 milhas,
correspondentes a, quase, cinco voltas ao mundo. Como era flexível
provou ser um navio resistente e de grande utilidade, tendo sido
empregue no transporte de tropas, colonos e degredados para Angola,
Índia e Moçambique. Participou em operações navais de guerra no
Ultramar Português. Apoiou a expedição de Silva Porto de ligação
terrestre entre Benguela em Angola e a costa de Moçambique.
Em
Setembro de 1865 a D. Fernando substituiu a nau Vasco da Gama como
Escola de Artilharia Naval, fazendo viagens de instrução até 1878.
Nesse ano, fez a sua última missão no mar, realizando uma viagem de
instrução de guarda-marinhas aos Açores. Nessa viagem, ainda conseguiu
salvar a tripulação da barca americana Laurence Boston que se tinha
incendiado. A partir daí passou a estar sempre fundeada no Tejo.
Em
1938 deixou se servir de Escola Prática de Artilharia Naval, passando a
ser utilizada como navio-chefe das Forças Navais no Tejo.
Em 1940 cessou o seu uso pela Marinha Portuguesa, sendo a fragata transformada em Obra Social da Fragata D. Fernando,
uma instituição social que se destinava a albergar e a dar instrução e
treino de marinharia a rapazes oriundos de famílias pobres.
Em 1963, um violento incêndio destruiu uma grande parte do navio, ficando abandonado no Tejo.
Entre
1992 e 1997 a fragata foi recuperada pela Marinha Portuguesa,
recorrendo ao Arsenal do Alfeite e aos estaleiros Rio-Marine de Aveiro.
Foi exigida durante a Expo 98 e encontra-se actualmente em Cacilhas, em
doca seca, aberto ao público, onde decorrerá a exposição.
Noticia do MM
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Fonte: NRP CACINE
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