Imagem criada por Zé Barreiro |
A meu ver, penso que nós monárquicos do século XXI devíamos ser considerados neo-realistas.
Há certos autores que utilizam essa designação, derivada do inglês Royalist.
Mas Realista era a designação dos partidários de D.
Miguel I do século XIX. E como, nós monárquicos, somos facilmente
rotulados de conservadores (no sentido reaccionário do termo),penso que
devemos pensar numa forma moderna para a nossa designação, sejamos
miguelistas ou não.
O prefixo neo significa algo de novo, de renovado. Uma forma
de estado monárquica no século XXI é uma realidade completamente
diferente do que no século XIX. E utilizar neo é uma forma de demarcar da confusão que só o termo realista pode trazer por si.
Infelizmente, e todos sabem bem, somos conotados a uma ideia do
passado. Isso dificulta-nos a divulgação da novidade que os
neo-realistas representam.
E se queremos demarcar dos conceitos clássicos que estão
associados a uma forma de estado monárquica, temos de ter cuidado na
forma como nos designamos.
Esta designação que proponho é uma lógica de quebra com
práticas passadas. Mais do nunca, a monarquia é uma forma de estado que
privilegia dois aspectos, como fazia antes de 1910: As formas de governo
democráticas e a defesa de uma sociedade diferenciada, em que o Rei é
de todos e gera união em torno do bem estar da Pátria e Território comum
a todos os cidadãos, independentemente da etnia, religião, ideologia ou
opções pessoais.
Assim, a revolução francesa é um acontecimento historiográfico que
serve de base para o desenvolvimento do conceito de monarquia século
XXI. Por isso, as formas de governo autoritárias ou liberais não são
admissíveis numa forma de estado monárquica.
Isto, porque o autoritarismo numa monarquia é contra-natura. Se Luís
XVI de França foi cedendo progressivamente o seu poder à assembleia
nacional, não me parece que nos dias de hoje seja possível um monarca
dispor de um poder ilimitado.
Temos que ter em conta o “barateamento” da informação em si e a
organização dos canais de informação em rede. Que ridículo seria se um
candidato a uma coroa defendesse a figura régia, como de natureza
divina.
Uma forma de governo liberal é restringida. Isto, porque o individuo
só têm direitos cívicos consoante o seu rendimento e estatuto. O que põe
em causa a igualdade de todos perante a lei.
Esse facto vai contra a concepção de uma sociedade diferenciada no neo-realismo.
Perante um capitalismo anárquico, em que através da formação de
castas financeiras, a actividade produtiva é dominada pela especulação
financeira sem regras; a forma de estado republicana tende
constantemente para a oligarquia.
Isso tem como consequência uma sociedade hierarquizada através do capital.
É uma continuação de uma sociedade desigual da idade moderna, em que a condição de nascimento determina o indivíduo.
Na aplicação correcta do neo-realismo, a organização social é
diferenciada. Todos os cidadãos são iguais. Apenas diferenciam-se pelas
suas próprias características e escolhas, nunca, significando uma
situação de inferioridade.
Isto, porque o Rei não sendo refém de quaisquer
condicionantes aleatórias de carácter político ou capitalista, nunca vai
permitir a formação de pequenos grupos paralelos a um estado de direito
que dita regras à boa maneira feudal, a república de Condes de que
falava o saudoso Hipólito Raposo.
Daniel Nunes Mateus
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