O meu querido primo Charles Philippe, muito simpaticamente convidou-me para apresentar o seu livro.
Sintra
é, desde o começo da nacionalidade, a residência de Verão favorita dos
reis portugueses. Mas já antes era considerada o paraíso pelos árabes e
pelos romanos… No séc. XIX o Rei D. Carlos celebrizou Cascais como lugar
na moda para os lisboetas se refrescarem no Verão, até então uma
modesta aldeia de pescadores e um baluarte militar na defesa de Lisboa.
No séc. XX o centro das atenções internacionais separou o Estoril que se
tornou refúgio para muita gente que conseguia escapar aos horrores da
2ª Guerra Mundial.
Esta obra aborda, com muita graça, esta
época em que várias famílias reais europeias viviam neste “triângulo
dourado” dando à região um destaque internacional e tornando-o numa das
regiões mais famosas da Europa. O pai do autor, filho dos Condes de
Paris, viveu vários anos na Quinta do Anjinho, em Ranholas, rodeado dos
seus inúmeros irmãos e irmãs. O meu marido e a sua família viviam no
norte, em Vila Nova de Gaia, mas o Verão era geralmente passado com
estes primos, pois a Duquesa de Bragança, Senhora Dona Maria Francisca,
era irmã da Condessa de Paris. A convivência familiar era também intensa
com a família do Rei Humberto de Itália, com os Condes de Barcelona e
com os primos Habsburgo da Hungria.
Quando comecei a ler
este livro, fiquei impressionada com o trabalho de pesquisa que
encontrei. Acredito que deve ser difícil encontrar outro livro tão
completo sobre este tema e que, para além de nos dar a conhecer a
história dessa época, dá-nos também o privilégio de conhecer pequenas
histórias dentro da história, até pelo relacionamento que o autor tem
com as famílias que são protagonistas da obra.
“Reis no
Exílio” é um reencontro com este nosso pequeno e grande paraíso à
beira-mar plantado, um encontro com a nossa raça, com as características
de Portugal – um refúgio, neste caso um refúgio de reis e príncipes,
vindos dos 4 cantos da Europa. São oito famílias reais que aqui
encontraram paz, segurança, acolhimento, conforto, certamente um clima
saudável e um ambiente hospitaleiro proporcionado pelos portugueses em
geral – desde as autoridades de então até às populações locais de
Cascais, Estoril, Sintra e Lisboa.
Este livro deve ser
visto como uma homenagem a Portugal em geral e a esta região em
concreto. Só percebendo Portugal se pode entender porque confluíram
tantos soberanos numa região tão pequena. Não há na história da Europa e
do mundo outro caso destes, só em aqui em Portugal. Portugal não é o
paraíso triste de que falava Saint-Exupéry, confesso que não estou de
acordo com o adjectivo. É sim um lugar único, acolhedor, pacífico,
romântico, um verdadeiro refúgio.
Esta Obra honra Portugal e sua história
e tem o mérito de satisfazer os interesses dos portugueses por uma
época em que este triângulo de Sintra, Estoril e Cascais eram “o centro
de um certo mundo” e mostram-nos os benefícios económicos que o País
pode obter quando sabemos gerir com competência os nossos recursos.
A
Obra de Charles-Philippe é uma excelente contribuição nesse sentido e
espero que venha a ser editada no estrangeiro. Espero também que sirva
para percebermos melhor que o prestígio de Portugal, indispensável para
manter a actividade turística, tem de ser cultivado com carinho em todas
as suas vertentes.
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