Um
grupo de habitantes de Paço dos Negros não deixou passar em claro os
500 anos do Paço Real da Ribeira de Muge, na freguesia de Fazendas de
Almeirim, e organizou no sábado 14 de Maio várias iniciativas para
assinalar a data. As comemorações “não oficiais”, tiveram o intuito de
mostrar que é necessário preservar o pórtico do paço, a capela e o
moinho, que são dos poucos vestígios históricos existentes no concelho
de Almeirim.
O
grupo que se auto-intitula Academia da Ribeira de Muge tem vindo a
fazer a manutenção do espaço e dias antes das comemorações trataram de
pintar os imóveis e limpar o espaço que tinham ervas de uma altura já
considerável. A intenção desta academia, que os membros pretendem
constituir em associação, é promover visitas guiadas ao local e dar a
conhecer a história local. Nas comemorações estiveram presentes o
presidente da Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim, Manuel Bastos
Martins, acompanhado de outros elementos do executivo, e o Marquês de Rio Maior em representação do Herdeiro do Trono Português, Dom Duarte de Bragança.
A
academia tem feito voluntariamente o levantamento topográfico da área
do paço real e a recolha de materiais arqueológicos na zona. Aquilino
Fidalgo, bisneto de Manuel Francisco Fidalgo que em 1903 adquiriu o
espaço onde está o pórtico do Paço Real ao Conde de Atalaia, conduziu os
visitantes à capela e ao moinho, onde o grupo tem vindo a recupera os
vários mecanismos de madeira da moagem das farinhas. Recorde-se que o
paço entretanto foi vendido em parcelas a outros particulares e que
posteriormente veio a ficar na posse da Câmara de Almeirim.
Elias
Rodrigues, arquitecto e um dos estudiosos do património concelhio,
disse que todo o espólio existente em Paço dos Negros tem dignidade para
ser um museu. E para fazer parte “de uma rota cultural” aproveitando a
riqueza histórica para potenciar o turismo. lançou ainda o desafio para
que seja feita uma maqueta do antigo pórtico, ou uma reprodução
multimédia a três dimensões, de modo a que as pessoas possam perceber
como era o paço e como se vivia nele.
O
Paço Real da Ribeira de Muge servia de pousada aquando das caçadas e
montarias da Família Real. Como os que serviam no paço eram escravos o
local começou a ser conhecido como Paço dos Negros, nome que acabou por
ser dado à aldeia da freguesia de Fazendas de Almeirim. O Paço era
composto por um pátio central, uma capela e residência real, cemitério,
azenha, residência para servos, pomar, horta e manada de gado e foi
também sede de almoxarifado (responsável pela gestão de bens da Casa
Real).
Sem comentários:
Enviar um comentário