Pintura de Jaime Martins Barata
A
batalha dos Atoleiros (actual municipio português de Fronteira,
distrito de Portalegre, a cerca de 60Km da fronteira com Castela),
ocorrida em 1384, durante a crise dinástica de 1383-1385 foi a primeira
da série de batalhas em que Portugal vence as forças do Reino de
Castela.
Em
1384, o pretendente ao trono D. João, mestre de Avis, tem a seu lado o
condestável, D. Nuno Álvares Pereira, chefe militar português que tem
sobre o seu comando uma força de 1,200 homens de pé, dos quais 100
besteiros e 300 lanças (cavalaria ligeira e pesada).
As forças castelhanas invasoras, contam com um efectivo de aproximadamente 5,000 homens.
A
batalha dos Atoleiros, constituiu na peninsula ibérica a primeira e
efectiva utilização das novas técnicas de defesa de forças de infantaria
em inferioridada numérica perante uma cavalaria pesada muito superior. A
mais conhecida destas será conhecida como técnica do quadrado.
As
forças portuguesas combateram a pé, estabelecendo linhas de defesa
fléxiveis, que permitiam o envolvimento da cavalaria pesada inimiga.
Na
vanguarda, as forças portuguesas colocaram as suas lanças no chão, numa
posição defensiva do tipo «ouriço» destinada a destruir a cavalaria
inimiga.
Durante
o periodo de uma hora, a partir do meio dia ocorreram quatro ataques
consecutivos da cavalaria pesada castelhana, que se sucederam durante um
periodo de uma hora, a partir do meio dia.
Os
castelhanos avançaram sobre uma força que consideravam que seria facil
de derrotar, e foram espetar-se nas lanças portuguesas, ao mesmo tempo
que eram atacados pela força de besteiros, a qual, protegida pelas
primeiras linhas de defesa, podia atacar o inimigo.
Os
quatro ataques foram rechaçados e como noutros lugares, as próprias
vitimas castelhanas caídas no chão serviram como obstaculo a novos
avanços, que resultaram na completa desorganização das tropas
castelhanas, que depois de desorganizadas foram tomadas pelo pânico e
começaram a fugir em todas as direcções, sendo perseguidas ao longo de
todo o resto do dia pelas forças de D. Nuno Alvares Pereira, que lhes
deu caça até à distância de cerca de sete quilometros do local da
batalha durante a tarde.
Nem mortos nem feridos do lado português
Uma
das mais curiosas notas da batalha, é que embora as forças de Castela
tenham Sofrido perdas muito elevadas, principalmente com muitos mortos
entre a cavalaria pesada (que era a força castelhana mais importante) do
lado português não ocorreu uma unica morte, nem se registaram feridos.
Este
facto só por si, para a realidade da idade média era já de si
importante, porque para um ambiente extremamente condicionado pela
religião, a não existência de mortos ou feridos era vista como um prova
de que o lado português tinha o apoio de Deus.
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Consequências
Assim,
a partir de aí tornou-se mais facil às hostes do Mestre de Avis,
comandadas por D. Nuno Alvares Pereira, reunir mais forças. Isto
permitiu-lhe juntar o exército que no ano seguinte sairia vencedor em
Aljubarrota.
A
batalha dos Atoleiros, é especialmente importante porque ela foi a
primeira batalha em Portugal, em que ficou demonstrado que uma força
mais pequena mas bem organizada poderia derrotar o poderoso exército
castelhano, que até ali era visto como invencível.
A
confiança que as forças portuguesas ganharam levou a que no ano
seguinte em Aljubarrota, os portugueses acreditassem que mais uma vez -
embora perante um exército muito maior - a sua superior organização,
preparação e motivação acabariam por vencer um exército numericamente
superior mas muito cansado, desmotivado e mal comandado.
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