Existem
alguns que ficam melindrados com a hipótese de reinstalação de uma
Monarquia, pelo simples aspecto de isso os tornar súbditos de Sua
Majestade. Esses eu tranquilizo dizendo-lhes que tal termo há muito que
saiu do léxico das constituições liberais monárquicas, embora, e falo
por mim, não me sentisses absolutamente nada menorizado, enquanto
cidadão, de ser súbdito dos Reis de Portugal por quem tenho a maior
lealdade, reconhecimento e respeito.
Todavia,
importa salientar algo fulcral na nossa sociedade hodierna. Hoje numa
sociedade que praticamente só se desenvolve o culto da personalidade, da
vaidade e do individualismo, esta reflecte, precisamente, a ausência de
uma referência comum que permita trabalhar e produzir conjugadamente em
prol do País, ou seja, com um sentido comunitário e inter-activo.
Neste
contexto, gosto sempre de lembrar o exemplo germânico do pós-II Guerra,
mais concretamente o da parte Federal. Este Povo reergueu um País dos
destroços em relativo pouco tempo, tornando-se, de novo, uma potência
produtiva sem ter de sacrificar a sua democracia. Antes pelo contrário,
melhorou-a e não danificou o respeito colectivo ao contrário daquilo
que, por exemplo, fazem ainda hoje os líderes chineses ao seu Povo.
No
nosso caso, e desde 5-10-1910, que os Portugueses perderam alguém que
os entusiasmasse sem ser à força, alguém em quem se reconheçam e os
dignifique. Com as actuais classes políticas, que só almejam poder e/ou
fortuna, nem que para isso sacrifiquem princípios gratos aos cidadãos,
os portugueses estão cada vez mais patrioticamente órfãos. Não é à toa o
reconhecimento que o Povo português teve ao receber em número
indescritível, dos respectivos países de exílio, aquando das cerimónias
fúnebres em São Vicente de Fora, os seus falecidos Rei D. Manuel II e
Rainha D. Amélia. Salazar, esse, apesar de todo o mal que fez à nossa
Democracia, não faliu o País e morreu pobre. O Povo ainda hoje sabe
isso, fala nisso e mostrou-o no concurso Grandes Portugueses na RTP. É
um dado! Hoje os portugueses….não acreditam em ninguém. Com as
adversidades económicas sérias que começam a assolar-nos, iremos longe
nos actuais moldes? É obvio que não!
Um
Rei, enquanto pessoa, não tem mais dignidade humana do que eu ou do que
um rico burguês ou ainda do que um pedinte. Tem-na exactamente igual. A
diferença encontra-se apenas na maior responsabilidade que, logo à
nascença, este cidadão português terá sobre os seus correspectivos
concidadãos, por quem, em espírito de missão, deve salvaguardar,
proteger e representar.
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